À falta de pernil de porco, água e combustível, os protestos multiplicam-se

A insatisfação já era geral, mas os protestos ganharam força depois de ter faltado o típico pernil de porco na quadra natalícia. Por vários estados da Venezuela, os moradores queixam-se que falta comida, água, combustível e gás.

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Durante a madrugada desta quinta-feira, a Venezuela foi palco de diversos protestos não só por causa da falta do pernil de porco, uma das tradições de Natal no país, mas também pela escassez de alimentos no geral, assim como a falta de gás, água e combustível, avança o jornal venezuelano El Universal.

Na capital, Caracas, vários moradores saíram às ruas para protestar por causa do pernil de porco que fora prometido pelo Governo venezuelano e que, afinal, acabou por não chegar — o Presidente, Nicolás Maduro, acusou Portugal por essa falha. De acordo com a imprensa local, alguns manifestantes foram dispersados com gás lacrimogéneo pela polícia e pelas forças anti-motim. Na terça-feira já tinha havido alguns protestos e foram detidas 28 pessoas nesse dia por vandalismo. Ainda que os protestos tenham ganhado intensidade com a falta do pernil de porco e de outros produtos alimentares, as manifestações já decorrem há várias semanas por todo o país.

Um dos protestos de mais relevo aconteceu na avenida Vitória de Caracas e na estrada que liga a capital a El Junquito, no Sul, escreve a agência Lusa; vários cidadãos bloquearam a avenida com troncos de árvore e lixo. “Não foi só o pernil, também outros produtos, que não chegaram. Prometeram-nos as bolsas CLAP (alimentos a preços subsidiados) mas só chegaram a alguns sítios. Estamos a necessitar dessas coisas porque tudo está tão caro que não podemos comprar. Comprando 1,5 quilogramas de porco ficamos sem salário e não temos com que manter a família”, explicou uma manifestante à agência Lusa. Vários manifestantes receiam que, além de não terem tido acesso ao pernil e a comida no Natal, continuarão sem mais bens alimentares na passagem de ano.

Em Upata, uma cidade na zona Este da Venezuela, no estado de Bolívar, a estrada principal foi bloqueada na quarta-feira por moradores da região, que reclamavam pela falta de comida e de água — reivindicavam ainda que os cabazes alimentícios e os jogos prometidos pelo Comité Local de Abastecimento e Produção (CLAP, organizações criadas pelo Governo para distribuir alimentos a preços subsidiados) não haviam chegado. No estado de Mérida, multiplicam-se as queixas devido à falta de gás e também por causa das longas filas de espera para abastecer os automóveis – o El Universal refere que existem “situações críticas” por falta de combustível em vários estados venezuelanos.

Portugal e o pernil de porco

Tudo isto surge depois de o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ter culpado Portugal por não ter conseguido que o típico pernil de porco chegasse às mesas dos venezuelanos, numa altura em que o país enfrenta uma crise e problemas sucessivos de escassez de alimentos. “Fiz um plano, que cumprimos, mas sabotaram-nos o pernil, foram sabotados os barcos que os traziam”, afirmou Maduro, que se queixou ainda de alguns países terem bloqueado as contas bancárias da Venezuela que iriam ser usadas para efectuar os pagamentos.

Entretanto, várias reacções têm surgido. O Governo português foi o primeiro a responder, nesta quinta-feira, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros que disse que “o Governo português não tem, seguramente, esse poder de sabotar pernil de porco” – e disse que o ministério da sua tutela iria investigar o sucedido. Augusto Santos Silva disse ainda que Portugal vive “numa economia de mercado e as exportações competem às empresas” sem que haja qualquer interferência do Governo.

Mais tarde, a Raporal, uma das empresas que fornecem pernil de Porco à Venezuela, esclareceu que o país sul-americano tem em atraso o pagamento de 40 milhões de euros às empresas portuguesas que fornecem este produto.

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