“Já não podemos mexer nos outros jogos”, diz Rui Vitória. Resta evitar o pleno de derrotas

Benfica despede-se das competições europeias perante o Basileia. Após cinco desaires em cinco jogos, resta salvar a honra.

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João Carvalho é um dos candidatos ao “onze” mais alternativo sugerido por Rui Vitória ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

As competições europeias da temporada 2017-18 terminam hoje para o Benfica. Esta noite, no Estádio da Luz (19h45, SP-TV1), escreve-se o último capítulo da participação “encarnada” na Liga dos Campeões (e também já deixou de haver hipóteses de prosseguir na Liga Europa). O adversário na despedida é o Basileia, que ainda luta pela presença nos oitavos-de-final da competição – e que na segunda jornada da fase de grupos aplicou uma derrota pesada (5-0) à equipa de Rui Vitória. O treinador do Benfica aposta em deixar uma imagem positiva e prometeu dar uma oportunidade a alguns jogadores menos utilizados.

“Naturalmente queríamos estar a disputar o apuramento, mas isso não acontece. Vamos aproveitar o jogo para outros objectivos: primeiro ganhar, porque em todos os jogos que entramos é com esse propósito. Depois, possibilitar que outros jogadores que não têm jogado tanto possam jogar. Queremos apresentar boa qualidade de jogo e ganhar”, sublinhou Rui Vitória, acrescentando: “Já não podemos mexer nos outros cinco jogos, vamos olhar em frente. Temos muita coisa a ganhar. Por mais triste que eu esteja, há que olhar em frente.”

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Apesar de Rui Vitória não o ter referido, há um objectivo adicional que o Benfica perseguirá esta noite: fugir ao pleno negativo no Grupo A e evitar ficar na história pelos piores motivos. Se hoje perder com o Basileia, o Benfica tornar-se-á na primeira equipa portuguesa a participar na fase de grupos da Champions sem somar qualquer ponto para amostra. Desde que a Liga dos Campeões foi reformulada, em 1992, apenas 18 equipas terminaram a fase de grupos com zero pontos. Os casos mais recentes, registados na temporada passada, foram os de Club Brugge e Dínamo Zagreb (para os croatas foi a segunda ocasião, já tinham estado nesta situação em 2011-12). Há outras duas equipas na mesma situação dos “encarnados” nesta edição da Liga dos Campeões: Anderlecht (que hoje visita o Celtic) e Feyenoord (recebe amanhã o Nápoles) também ainda estão a zeros.

“Queríamos estar melhores, não estamos e não vamos lamentar-nos de algo que não podemos controlar. Já fizemos coisas boas, esta não correu tão bem. Queremos voltar e isso só se consegue com boas prestações no campeonato”, frisou Rui Vitória, refutando o favoritismo que o treinador do Basileia entregou aos “encarnados”: “A conversa do favoritismo nunca me convenceu. Isso tem de mostrar-se dentro de campo. O Basileia está a disputar o apuramento e nós não. Temos potencial para fazer mais do que fizemos, mas estas questões são sempre relativas”, sublinhou.

“[O Basileia] foi mais esperto do que nós em alguns jogos, teve uma pontinha de sorte que nós não tivemos. Está à nossa frente e tem uma vantagem decisiva: se tiver de estar a defender mais tempo estará, é uma equipa que percebe as suas limitações e as suas virtudes. Estou à espera de uma equipa matreira”, previu Rui Vitória, que deverá apostar em elementos menos utilizados, como Douglas, e proporcionar a estreia do jovem João Carvalho na Liga dos Campeões. “Queremos mostrar que, mudando algumas peças, as ideias continuam lá. Não temos só 11 jogadores, temos um plantel inteiro com qualidade para dar resposta em qualquer altura. É uma forma de premiar o trabalho de alguns jogadores que não têm tido oportunidades com a regularidade que gostariam.”

O treinador do Basileia descreve o 5-0 de Setembro como “uma noite perfeita”. “Não podemos comparar os jogos. Foi algo inédito para nós, um momento inesquecível. Não teremos a mesma sorte duas vezes, nem podemos descansar com o resultado. Espero uma equipa do Benfica diferente”, sublinhou Raphaël Wicky. Numa análise aos “encarnados”, o técnico suíço admitiu ter ficado “surpreendido” por o Benfica ter zero pontos em cinco jogos: “Ninguém contava com isso e não reflecte a qualidade da equipa. O futebol é assim e muitas vezes não há explicação. Mas não podemos pensar que vamos ter um jogo fácil.”

A três pontos do líder Manchester United e em igualdade com o CSKA Moscovo (que à mesma hora visita a equipa de José Mourinho), o Basileia pode garantir na Luz a passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Os suíços apuram-se desde que façam igual ou melhor do que o CSKA em Old Trafford. O único cenário adverso seria um triunfo do CSKA por uma margem superior a três golos. “Temos que estar concentrados no nosso jogo e entrar com a mesma mentalidade dos outros jogos. Se o Manchester United contribuir será bom para nós. A este nível quererão ganhar em casa [ao CSKA]”, concluiu Wicky.

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