Hedy Lamarr para além da cara e dos filmes

Bombshell: The Hedy Lamarr Story é um novo documentário que pinta um retrato da actriz de origem austríaca que também teve importante carreira como inventora.

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Bombshell: The Hedy Lamarr Story, um novo documentário de Alexandra Dean, estreou-se nos Estados Unidos no final de Novembro

Durante a Segunda Grande Guerra, enquanto trabalhava para os aliados, Hedy Lamarr (1914-2000), uma enorme estrela em Hollywood nas décadas de 1930 e 1940, desenvolveu ao lado do compositor George Antheil um sistema de comunicação por rádio que, anos depois, contribuiu para tecnologias como Bluetooth ou Wi-Fi. Deu a patente à Marinha americana e nunca lucrou com a invenção, tendo morrido sem dinheiro.

Essa é uma das histórias contadas em Bombshell: The Hedy Lamarr Story, um novo documentário de Alexandra Dean, que tem feito carreira em televisão, com produção executiva da actriz Susan Sarandon. O filme estreou-se nos Estados Unidos no final de Novembro e passará no próximo ano no programa American Masters, da PBS, a estação de televisão pública norte-americana. Foca-se na vida e obra de Lamarr e em tudo isto que existe para lá da beleza da actriz, que era considerada, no pico da carreira, uma das mulheres mais bonitas do mundo, e por vezes desvalorizada por isso.

Guiado pela voz de Lamarr numa entrevista inédita que deu a um jornalista em 1990, Bombshell conta também com depoimentos de pessoas que vão do realizador cómico Mel Brooks, que chamou “Hedley Lamarr” ao vilão do seu Balbúrdia no Oeste e foi por processado pela actriz – o próprio filme tinha uma piada sobre a tendência de Lamarr para processar pessoas, uma prática frequente –, ao também realizador e especialista em Hollywood Peter Bogdanovich, passando pela actriz Diane Kruger, que está a produzir e vai protagonizar uma minissérie de televisão sobre Lamarr.

Bombshell acompanha os inícios da actriz no cinema checo, a protagonizar filmes como Ecstasy, de Gustav Machatý (1933), e a forma como fugiu de barco da Áustria (e do marido) e conheceu Louis B. Mayer, que, impressionado com a sua beleza, lhe deu um contrato na MGM. Foi aí que protagonizou O Fugitivo Desceu à Cidade, de John Cromwell, Camarada X, de King Vidor, Uma Mulher Estranha, de Edgar G. Ulmer e Douglas Sirk, ou Sansão e Dalila, de Cecil B. DeMille, e contracenou com Clark Gable, Spencer Tracy, James Stewart ou Bob Hope.

Mas, ao mesmo tempo, tinha ganho o gosto por inventar com o primeiro marido austríaco, um homem autoritário que vendia armas a Mussolini, e foi sempre explorando essa faceta, mesmo que a tenha mantido secreta para o grande público. Quando teve uma relação com Howard Hughes, o magnata, aviador e realizador, este encorajou-a e pôs os seus vastos recursos à disposição da actriz.

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