Ordem diz que ministro tem de escolher se quer saúde com ou sem médicos

Bastonário decidiu pedir a demissão do presidente do CNS, na sequência de declarações sobre a quantidade e necessidade de médicos no Serviço Nacional de Saúde.

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Paulo Pimenta

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) avisou nesta quarta-feira o ministro da Saúde de que vai ter de escolher se quer uma saúde com ou sem médicos, admitindo ainda abandonar o Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Em causa está o pedido da Ordem dos Médicos para que o presidente do CNS se demita, na sequência de declarações que fez sobre a transferência de trabalho dos médicos para outros profissionais de saúde.

“O senhor ministro vai ter de escolher, e é uma decisão séria, se vai querer ter uma saúde com os médicos ou sem os médicos”, afirmou Miguel Guimarães aos jornalistas numa conferência de imprensa, em Lisboa.

Questionado sobre a sua posição no caso de o presidente do CNS, Jorge Simões, se manter no cargo, Miguel Guimarães admite a possibilidade de a Ordem vir a abandonar aquele órgão consultivo do Governo.

O bastonário sublinha que tem respeito pela opinião das pessoas, mas nota que as declarações de Jorge Simões foram feitas na qualidade de presidente do CNS, envolvendo todas as instituições que compõem o conselho, órgão de consulta do Governo, nas quais se inclui a Ordem dos Médicos.

“Os médicos estão completamente revoltados e isto não tem nada a ver com a questão da greve, é muito pior do que a questão da greve”, comentou o bastonário. Para Miguel Guimarães, as ideias defendidas por Jorge Simões correspondem a “uma situação grave”, que configura “uma política contra os doentes e contra a qualidade da medicina”.

O bastonário da Ordem dos Médicos decidiu pedir a demissão do presidente do CNS, na sequência de declarações sobre a quantidade e necessidade de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O presidente do Conselho Nacional de Saúde considerou por sua vez que o bastonário da OM o deveria ter contactado antes de tornar públicas as críticas que lhe dirigiu, evitando fragilizar um órgão que está agora a dar os primeiros passos.

Numa carta datada de 2 de Novembro, que Jorge Simões escreveu ao bastonário Miguel Guimarães, o presidente do CNS reafirma que “algumas tarefas que hoje são exercidas por médicos podem ser desenvolvidas por outros profissionais de saúde”.

Na carta, Jorge Simões tenta contextualizar as declarações feitas à rádio Antena 1 há mais de uma semana e que motivaram críticas por parte do bastonário da Ordem dos Médicos e afirma que  o bastonário “surpreende pela agressividade do seu tom”.

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