Mais um dia de greve. Médicos ameaçam "endurecer" as suas formas de luta

Protesto afectou hospitais e cuidados de saúde primários. Sindicato fala em mais de 80% de adesão.

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"Passar de 18 para 12 horas de urgência semanais permite fazer mais consultas e cirurgias programadas", alega Jorge Roque da Cunha ANDRÉ KOSTERS / LUSA

Entre 80% e 85%. É esta a estimativa do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) relativamente à adesão nos hospitais à greve desta quarta-feira. Num comunicado enviado às redacções ao fim da tarde, o SIM acrescenta que para além do que se passou nos hospitais, também nos cuidados de saúde primários o protesto teve efeitos, com entre 85% e 90% dos clínicos a aderirem.

“Os médicos deram ao Governo mais um sinal claro do seu descontentamento e do empenho e determinação em prosseguir na luta pela resolução dos problemas”, afirma o sindicato. O SIM ameaça com mais protestos e apela ao primeiro-ministro que “conceda a audiência solicitada há seis meses”. 

O sindicato vai reunir os seus órgãos dirigentes máximos "para endurecer as suas formas de luta a empreender a curto prazo” apesar de reafirmar a “total disponibilidade" para um acordo negocial.

Redução do número de horas de urgência

A greve desta quarta-feira foi decretada pelo dois sindicatos médicos — SIM e Federação Nacional dos Médicos (Fnam) —, que reclamam a redução do número de horas de urgência a fazer semanalmente de 18 para 12 e a diminuição do número de utentes por médico de família de cerca de 1900 para 1550.

Em relação à primeira reivindicação, Jorge Roque da Cunha, do SIM, explicava ao PÚBLICO de manhã que o Ministério da Saúde não chegou a fazer uma proposta. Já para a redução da lista de utentes por médico de família a proposta foi de uma diminuição de 50 pessoas por lista.

“O que pedimos é uma redução faseada para os valores que estavam antes da troika. Passar de 18 para 12 horas de urgência semanais permite fazer mais consultas e cirurgias programadas. O que poderá ter de custos directos é o pagamento de horas extraordinárias. No caso dos médicos de família, 50 utentes a menos é muito pouco. Tem de ser plurianual e não uma medida isolada”, explicou o secretário-geral do SIM.

Este ano, os sindicatos dos médicos já tinham convocado um greve a 10 e 11 de Maio e registaram-se paralisações regionais ao longo de Outubro. “Só a intransigência e falta de transparência negocial deste ministério e deste Governo, fizeram com que estejamos nesta contestação”, afirma o SIM em comunicado.

“Dada a falta de resposta do Ministério da Saúde", o SIM deixa exigências: “que seja estabelecido um calendário negocial para o descongelamento da carreira médica e das suas grelhas salariais” e que se reabram as negociações "com vista à criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos”.

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