Indonésia: campanha quer acabar com o abate de cães para consumo humano

Presos em gaiolas e sacos apertados, com as bocas e os pés atados com cordas, milhões de cães na Indonésia esperam pelo momento em que serão abatidos. Muitos destes animais são roubados a famílias, transportados, durante horas, nas traseiras de camiões  e vendidos a fornecedores de carne. Depois, um por um, são levados para um matadouro para servirem de alimento em habitações familiares, mercados ou restaurantes. A pensar nos cães que são vítimas de abate e comércio sem regulamentação, a Change For Animals Foundation, a Jakarta Animal Aid Network, a Animal Friends Jogja e a Humane Society International — quatro associações de apoio aos animais — uniram-se e criaram a campanha Dog Meat-Free Indonesia para travar e denunciar estas situações. Ao contrário de outros países asiáticos, onde esta prática tem sido evitada, à medida que aumentam os rendimentos das famílias, a adopção de animais de estimação e a preocupação com o bem-estar dos animais, a Indonésia torna o mercado de carne animal cada vez mais acessível à população. Segundo o The New York Times, a Indonésia tem uma lei contra a crueldade sobre os animais, mas aplica-se apenas a gado — não a cães, gatos ou animais selvagens —, o que leva os activistas do bem-estar animal a abandonar campanhas contra o comércio de cães por falta de consciência dos governos e da população. O vídeo I Did not Know – lançado esta quinta-feira, 2 de Novembro, e que conta com a participação de celebridades do país e internacionais – é mais um alerta para um sector em crescimento.

Não há estudos que indiquem o número exacto de animais que são comercializados todos os anos no país, mas as associações apontam que cerca de “30 milhões de cães são mortos para consumo humano todos os anos por toda a Ásia”. O tablóide inglês Daily Mirror refere ainda que cerca de 100.000 cães são abatidos para consumo todos os anos apenas em Bali, com recurso a “métodos desumanos e não saudáveis”. Dados preocupantes quando a maioria dos indonésios não come carne de cão. “Embora a carne de cão só seja consumida por uma minoria de indonésios — estimada em menos de 7% — e apenas uma pequena fracção da sociedade depende dela como fonte primária de renda, o comércio de carne de cão ameaça a saúde e a segurança da nação inteira”, sublinhou Karin Franken, da Jakarta Animal Aid Network. As condições insalubres dos matadouros e o desconhecido estado de saúde dos cães abatidos são outras das preocupações. Qualquer pessoa envolvida — comerciantes, vendedores e consumidores — corre o risco de exposição à raiva e a outras doenças. A petição online já conseguiu mais de 9.000 assinaturas em menos de 24 horas.