FPF propõe a criação de uma autoridade de combate à violência no desporto

Fernando Gomes foi à Assembleia da República e revelou algumas das ameaças aos árbitros.

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Fernando Gomes LM MIGUEL MANSO

Criação de uma autoridade para combate à violência no desporto, maior eficácia nas medidas de interdição a recintos desportivos ou mudanças na política de apoios e regulação dos grupos de adeptos. Estas foram as principais ideias que Fernando Gomes levou à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto na audição que nesta quarta-feira teve na Assembleia da República. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) foi duro na análise e contundente nas propostas que apresentou para acabar com aquilo que, há cerca de um mês, tinha denominado — num artigo de opinião publicado entre outros órgãos de comunicação social no PÚBLICO — como “clima de ódio”.

Aproveitando a presença dos deputados para revelar algumas das ameaças que os árbitros têm recebido na presente época desportiva — “Tem juízo, senão vais ter com o Paraty. Vai-te correr mal. Vais-te assustar, eles vão te matar pá. Filho de uma grande p... Vamos-te apanhar e vais ver o que é que te vai custar. Se tiveres filhos, cuidado seu mouro de m... — Fernando Gomes propôs “a criação de uma autoridade administrativa exclusivamente vocacionada para a segurança e combate à violência no desporto, dotada de recursos e não apenas de atribuições e competências”, de forma a que, qualquer infracção à lei, seja sancionada de forma célere.

Preocupado com o comportamento dos adeptos — o presidente da federação de futebol revelou que o número de incidentes com adeptos têm subido em flecha (2671 só a época passada) — Fernando Gomes defendeu uma “maior eficácia na aplicação das medidas de interdição de acesso a recintos desportivos”, bem como a “mudanças na política de apoios e regulação dos grupos de adeptos”. E deixou ainda a sugestão de retirar os benefícios recebidos pelos promotores dos jogos no que diz respeito à comparticipação dos encargos com o policiamento.

Também os dirigentes estiveram na mira do líder federativo. Na audição parlamentar, Gomes mostrou como as multas aplicadas a dirigentes do futebol profissional aumentaram 45,3% de 2015-16 para 2016-17. Por isso, anunciou a criação de um “curso de formação” para todos os que se sentarem no banco em competições nacionais.

Questionado pelos partidos sobre se a FPF tem falta de recursos para aplicar os instrumentos sancionatórios disponíveis, o líder da federação lembrou que a “FPF não tem intervenção nos regulamentos” e a sua capacidade de intervenção é reduzida: “É só para ratificar ou não ratificar o que é aprovado na Liga.”

E foi só ao final do dia que a Liga de clubes reagiu, manifestando a sua “disponibilidade para participar nas soluções e o empenho em comprometer as sociedades desportivas e os seus máximos responsáveis na defesa da integridade das competições”.

 

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