Em Lisboa, medicação preventiva da tuberculose vai ser tomada nos centros de saúde

Medida quer garantir que pessoas infectadas fazem a medicação que diminui risco de desenvolver a tuberculose doença. Em breve, a vacinação será alargada para além dos grupos de risco em algumas freguesias de Lisboa para colocar a prevalência da doença em valores "irrisórios".

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Manuel Roberto (Arquivo)

Para garantir que as pessoas infectadas com tuberculose tomam a medicação diária durante os três, seis ou nove meses que lhe são recomendados, esta passará a ser feita de forma individual nos centros de saúde do concelho de Lisboa. O modelo está a ser trabalhado pela Administração Regional de Saúde Lisboa e Vale do Tejo e deverá entrar em funcionamento no próximo ano, explicou o delegado de saúde regional, Mário Durval.

Já é assim, “de forma descentralizada e individual”, que a medicação preventiva da tuberculose é administrada no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Arco Ribeirinho que abrange os concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo. Em casos de dificuldades de deslocação, são os enfermeiros que vão ao domicílio. Até agora as pessoas infectadas levavam a medicação para casa e “não era registado se tomavam ou não”, acrescentou Mário Durval.

A medicação preventiva é administrada para reduzir o risco de desenvolvimento da tuberculose nas pessoas que estão infectadas. Repara Mário Durval que “a maioria é sinalizada, faz a medicação e desaparece o risco de desenvolver a doença”.

Alargando a medida ao concelho de Lisboa, onde foram registados este ano 106 casos de infecção, Mário Durval acredita que, em 2019, “será possível diminuir para números irrisórios a prevalência da doença e controlar melhor quem está infectado”. No prazo de dez anos, acredita, a prevenção personalizada “permitirá acabar com a doença” em Portugal.

“Esta é a melhor forma para garantir que as pessoas não deixam de tomar a medicação. Como é diária, é fácil de se cansarem e há grupos de riscos que a abandonam facilmente”, sublinhou. São consideradas de risco as pessoas provenientes de áreas geográficas com elevada incidência de tuberculose (lista disponível no site da Direcção-Geral de Saúde, que inclui países desde a Lituânia, à República Dominicana, Angola, Marrocos, Índia ou China), pessoas infectadas com o vírus VIH/SIDA, com dependências de álcool ou de drogas ou antecedentes.

Alargamento da vacinação

A vacinação por BCG, administrada apenas a crianças pertencentes a grupos de risco, vai “em breve” ser alargada a outras crianças em algumas freguesias de Lisboa, como já acontece, desde o ano passado, no concelho da Amadora. O alargamento destina-se às freguesias "de maior prevalência da doença onde se verificou um aumento da natalidade", explicou a Administração Regional de Saúde, que ainda está a definir quais as freguesias elegíveis para a vacinação.

"Longe de ser razão para alarme”, esta é uma “medida meramente preventiva”, com o propósito de reduzir o número de infectados, acrescentou fonte da Administração Regional de Saúde, que estuda também a possibilidade de alargar a vacinação nos ACES de Loures-Odivelas.

O alargamento da vacinação “é dinâmico” e pode “a qualquer momento ser revertido”, caso a monotorização da prevalência da doença “mostre que já não há risco de exposição em determinada freguesia”, explicou Raquel Duarte, coordenadora do Programa Nacional para a Tuberculose.

“Doença mítica”

Apesar de “ainda ter um peso no imaginário das pessoas”, a tuberculose é uma “doença mítica” e “não há um ano em que [o número de infectados] não desça”, diz o delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo. “É uma doença muito bem controlada e em que as pessoas são muito acompanhadas e das que têm mais vigilância”, garante Mário Durval.

A nível nacional caiu para metade o número de casos desde os anos 2000. No concelho de Lisboa em 2015 houve 205 casos, 156 no passado e este ano foram registadas 106 pessoas infectadas. “Quando há um caso, faz-se rastreio de quem anda à sua volta e é iniciada a medição por profilaxia para que a doença não se manifeste”. “Mesmo quando os casos em que se manifesta a doença não são situações de emergência e faz-se o estudo epidemiológico com calma”, sublinha Mário Durval.

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