Mudança de nomes tem de implicar mudança de políticas, exigem BE, PCP e PEV

Bloco quer entidade única para a prevenção e o combate aos fogos. PCP diz que se défice for de 1,5% em vez de 1% OE liberta mil milhões de euros para a floresta.

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Pedro Filipe Soares é líder parlamentar do BE Enric Vives-Rubio

Por palavras diferentes mas com a mesma mensagem, Bloco, PCP e PEV consideram que não basta mudar os rostos dos protagonistas mas é antes imperioso mudar as políticas relativas à floresta, à protecção civil, à prevenção e combate aos incêndios.

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Por palavras diferentes mas com a mesma mensagem, Bloco, PCP e PEV consideram que não basta mudar os rostos dos protagonistas mas é antes imperioso mudar as políticas relativas à floresta, à protecção civil, à prevenção e combate aos incêndios.

O líder parlamentar comunista, João Oliveira, já fez contas: "Se o Governo recusar a imposição de ter um défice de 1% e admitir 1,5%, poderá libertar mil milhões de euros para responder aos problemas da floresta com investimento público na área da protecção civil, do ordenamento florestal, da dotação de meios do ICNF e outras estruturas ligadas à floresta." E o Bloco de Esquerda quer a gestão da floresta, a prevenção e o combate aos fogos florestais sob a alçada da mesma entidade. 

A demissão de Constança Urbano de Sousa era uma "inevitabilidade face ao processo a que assistimos nos últimos meses, tal como é inevitável a sua aceitação pelo primeiro-ministro", afirmou o líder parlamentar bloquista Pedro Filipe Soares em declarações aos jornalistas no Parlamento. "Esta mudança de rostos no Ministério da Administração Interna terá necessariamente que coincidir com uma mudança de políticas que garanta que teremos uma alteração profunda no modelo de funcionamento da protecção civil."

"Mudar os rostos para manter políticas era o pior erro a que podíamos assistir e não correspondia  à expectativa de um país martirizado pelos incêndios e que exige dos políticos uma actuação diferente", vincou Pedro Filipe Soares, exigindo uma "mudança a fundo na protecção civil". O Bloco defende que devem ficar sob a responsabilidade da mesma entidade as tarefas de planeamento (ou de "pensar") da floresta e também a "forma de prevenção e de combate aos incêndios". 

Aos que já andam a adiantar a ideia de que é preciso ver se há folga orçamental para investir na floresta, o comunista João Oliveira lembra que "a questão não é essa" e recusa que se ponha em "alternativa responder aos problemas da floresta ou devolver pensões, direitos e rendimentos". "Os problemas da floresta têm que ser resolvidos como o são os outros problemas todos", defendeu, acrescentando que o OE2018 traz medidas positivas como uma verba para a criação de equipas de sapadores florestais, mas avisa: "É preciso ir mais longe".

O líder parlamentar comunista defendeu ainda que os problemas da floresta "não dependem de leis", mas de fazer cumprir as que existem e de investimento público também para aplicar parte delas. "Dependem essencialmente de investimento público no ordenamento do território, na prevenção e combate aos fogos, no apoio às actividades económicas e no combate à desertificação do interior", argumentou, notando que quando se encerram serviços públicos se está a dizer às populações para irem embora para outro sítio. "Quando as pessoas abandonam as terras não podemos ficar à espera de um resultado diferente daquele que tivemos."

Questionado pelos jornalistas sobre a demora em pedir desculpas aos portugueses, como o Presidente da República deixou no ar na mensagem de terça-feira à noite, o líder parlamentar do PCP considerou que "um pedido de desculpas apesar de ser um conforto não devolve as vidas perdidas", as casas e os empregos perdidos. "O que se impõe do ponto de vista político é tomar decisões" para dar apoio imediato àquelas pessoas. "Uma tragédia destas dimensões não pode deixar ninguém indiferente, é uma perda incomensurável de mais de cem vidas."

Heloísa Apolónia também avisou que "o pior erro é pensar que a demissão vem resolver os problemas por si só". "É preciso dar passos relevantíssimos sobre a protecção da floresta", apontou, defendendo que no OE2018 se devem criar as "margens e condições orçamentais para que as medidas sejam efectivamente criadas".

A deputada ecologista lembrou que o PEV tem feito "exigências rígidas sobre a protecção da floresta e o reforço dos meios da protecção civil, assim como medidas para criar uma maior resiliência da floresta".