A noite em claro do centrista Francisco Mendes da Silva

O dirigente do CDS lamenta o “cocktail de irresponsabilidade” do primeiro-ministro, que não tem qualquer acto, “por mais simbólico que seja, que signifique a assunção de responsabilidades”. Francisco Mendes da Silva diz que Costa está mais preocupado com “controlo de danos da sua popularidade”.

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Domingo foi o dia com mais incêndios de 2017 PAULO PIMENTA

Dormiu duas horas e só depois de saber que estava tudo bem com os tios e primos que tem em Travancinha, Seia. O centrista Francisco Mendes da Silva estava em Viseu neste fim-de-semana, quando os incêndios voltaram em força a fustigar o país. Tem lá uma casa, no sítio a que faz questão de chamar “terra”, e ficou aflito quando percebeu que as chamas estavam a circundar a freguesia de Travancinha sem que os familiares tivessem por onde fugir.

A certa altura, as redes de telemóveis começaram a falhar e só através da aplicação Whatsapp é que o centrista conseguia comunicar com aquela parte da família, que lhe ia contando que faltavam bombeiros para combater as chamas. A madrugada de pânico foi recuperada por Francisco Mendes da Silva ao PÚBLICO durante esta segunda-feira, por telefone, quando o ex-deputado se encontrava já no Porto. Percorreu a A25 apenas quando teve a certeza de que o podia fazer, uma vez que as informações a que ia tendo acesso eram “contraditórias”. Quando se fez à estrada, deparou-se com um cenário “dantesco”.  

No meio de uma noite caótica, as declarações do primeiro-ministro e da ministra da Administração Interna não lhe caíram bem. Para Francisco Mendes da Silva, a gestão de Costa destas tragédias tem sido “um cocktail de irresponsabilidade”: “Parece que o primeiro-ministro está a ser mais guiado pelo controlo de danos da sua popularidade”, disse, lamentando que, “no meio de tudo isto”, o primeiro-ministro não tenha qualquer acto, “por mais simbólico que seja, que signifique a assunção de responsabilidades”.

Um exemplo das declarações dos governantes? “As comunidades têm de se tornar mais resilientes às catástrofes”, disse Constança Urbano Sousa. António Costa também afirmou que é "um bocado infantil" a ideia de que consequências políticas são demissões e avisou que "seguramente" situações como as vividas nesta madrugada "vão repetir-se".

 “O Estado tem duas funções fundamentais: salvaguardar a segurança das pessoas, e aqui falhou duas vezes; e reafirmar a confiança que as pessoas podem ter nas instituições do Estado. E depois de Pedrógão Grande, o Estado falhou clamorosamente”, sublinhou o dirigente nacional do CDS, garantindo não sentir “seguro” com governantes que não sabem “o que é preciso fazer” perante tragédias como estes incêndios.

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