Curdistão iraquiano marca eleições para 1 de Novembro

Não está claro se Barzani é candidato à presidência, apesar de já ter cumprido mais do que os dois mandatos da lei. Governo regional pressionado a esquecer resultado do referendo da independência.

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Massoud Barzani no dia do referendo da independência GAILAN HAJI/EPA

A região autónoma do Curdistão iraquiano quer realizar eleições presidenciais e legislativas a 1 de Novembro, anunciou esta terça-feira a Rudaw TV, que emite a partir de Erbil – os analistas dizem que é um passo para cimentar a independência. 

A região montanhosa do Norte do Iraque realizou um referendo sobre a independência no dia 25 de Setembro e uma esmagadora maioria optou pelo "sim". Bagdad e os países vizinhos Irão e Turquia receiam que esta decisão crie instabilidade regional – e uma eventual redefinição das fronteiras do Médio Oriente –, e enfraqueça a campanha contra o Daesh (os combatentes curdos estão na linha da frente, com o apoio dos Estados Unidos que, porém, se mantiveram do lado de Bagdad na rejeição do referendo).

O Presidente turco, Recep Erdogan, anunciou na segunda-feira novas sanções contra o Norte do Iraque, mas não especificou quais. A poderosa Turquia e o Irão receiam também que o independentismo da região autónoma iraquiana acenda o separatismo nos seus territórios, por onde se espalha também o Curdistão histórico (que corre também pela Síria, um país em guerra).

O Governo Regional Curdo não declarou a independência e as eleições marcadas para 1 de Novembro são para o Parlamento e presidente da região, não de um estado independente.

O Governo iraquiano exigiu ao presidente curdo, Massoud Barzani, que anule os resultados do referendo que não teve carácter vinculativo, e ameaçou a região curda com o isolamento internacional. Erdogan ameaçou fechar a porta ao petróleo curdo, que tem que passar pela Turquia a caminho dos mercados internacionais.

Barzani, o herdeiro de uma dinastia que dirige o Curdistão – e a luta pela independência – há mais de um século, está na presidência desde 2005, dois anos depois da invasão dos Estados Unidos que levou ao derrube de Saddam Hussein.

O seu segundo mandato terminava em 2013, mas foi alargado depois da instabilidade se ter instalado no Iraque, da entrada do grupo jihadista Daesh e de o território curdo ter ficado ameaçado.

A televisão curda não esclareceu se Barzani volta a candidatar-se em Novembro ou não – a legislação diz que há um limite de dois mandatos. 

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