Os problemas do Benfica não começaram em Basileia

“Encarnados” sofrem um dos piores resultados da sua história europeia, ao perderem em casa do campeão suíço por 5-0.

A desilusão dos jogadores do Benfica
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A desilusão dos jogadores do Benfica Reuters/ARND WIEGMANN
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André Almeida depois da sua expulsão LUSA/PETER KLAUNZER
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O golo de penálti do Basileia LUSA/GEORGIOS KEFALAS
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Jogadores do Basileia festejam os dos seus golos LUSA/GEORGIOS KEFALAS
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Jogadores do Benfica vão agradecer o apoio do público em Basileia Reuters/ARND WIEGMANN

Numa coisa Rui Vitória tinha razão. Nem todos os problemas do Benfica desapareceram com a vitória frente ao Paços de Ferreira. Aliás, devem ter aparecido alguns novos que o treinador “encarnado” não sabia ou, pelo menos, não admitia publicamente. Não eram só as lesões de jogadores-chave, as oportunidades falhadas, decisões erradas da arbitragem ou uma infelicidade do guarda-redes. Havia mais qualquer coisa. Uma derrota por 5-0 nunca acontece por acaso, seja quem for o adversário. Mas ter sido frente ao Basileia na segunda jornada do Grupo A da Liga dos Campeões, e da forma como aconteceu, significa mesmo muita coisa. Não foi apenas uma sucessão de eventos infelizes.

Significa, em primeiro lugar, que o Benfica tem zero pontos nos dois jogos contra as equipas teoricamente mais fracas do grupo – perdera na primeira jornada, na Luz, com o CSKA - e significa que está em último do grupo. E significa que já só tem quatro jogos para ir buscar pontos – os dois próximos encontros são contra o voraz Manchester United, que tem feito o seu percurso europeu só com goleadas. Ou seja, o Benfica corre um sério risco de entrar para as duas últimas jornadas com os mesmos pontos que tem agora. E é um resultado que entra na estatística pessoal de Vitória com treinador do Benfica: se no ano passado já tinha perdido, numa fase mais adiantada da Champions, com o Borussia Dortmund por 4-0, este naufrágio na Suíça é a sua pior derrota ao comando dos “encarnados”.

Sofrer um golo aos dois minutos pode ser uma infelicidade e pode até ter o efeito de um “shot” de cafeína a alguém que acabou de acordar e ainda está a tirar as ramelas dos olhos. E, depois de Michael Lang ter feito o primeiro após uma defesa incompleta de Júlio César e contando com a passividade total de toda a gente, o Benfica podia ter acordado para o jogo, podia ter respondido à afronta dos suíços de forma categórica. Mas cedo se percebeu que o golo sofrido não foi uma casualidade. Foi um sintoma do que iria ser o Benfica na Suíça, uma equipa em estado catatónico, a jogar em câmara lenta e demasiado errática para fazer frente ao quarto classificado do campeonato suíço, que não é, de todo, uma Liga de topo na Europa.

E sem que os “encarnados” tivessem feito muito no jogo – uma aceleração de Cervi aos 10’, uma investida de Grimaldo aos 19’ – o Basileia aumentou a vantagem aos 20’. E foi uma pura jogada de contra-ataque, a mostrar a velocidade de uma equipa e a lentidão de outra. Dimitri Oberlin, um jovem suíço nascido nos Camarões, ganhou uma bola na área do Basileia de cabeça e desatou a correr para a área do Benfica. Não houve ninguém com velocidade para o apanhar e recolheu a bola já perto de Júlio César, também sem a reacção necessária para o travar. Se o Basileia esteve perto do 3-0 aos 42’ (Lang atirou por cima), o Benfica esteve quase a regressar ao jogo a fechar a primeira parte. Jonas encontrou Jiménez a desmarcar-se, mas o mexicano, perante Vaclik, atirou por cima.

Assim acabava uma primeira parte de pesadelo para os “encarnados”, mas a segunda seria bem pior. E nem vale a pena falar das oportunidades que os suíços falharam até o marcador voltar a funcionar aos 59’. Foi de penálti e marcado por um “velho” conhecido, Ricky van Wolfswinkel, antigo avançado do Sporting, depois de Fejsa ter derrubado Oberlin. As penas benfiquistas no St. Jakob Park não foram só os golos sofridos. André Almeida também seria expulso, por uma entrada a pés juntos sobre Petretta. Uma imprudência com frustração à mistura por causa de uma falta não assinalada sobre si que só fez esta ser uma noite ainda pior para o tetracampeão português. O Basileia já estava a caminho do melhor resultado europeu da sua história e iria fazer mais mossa à equipa de Rui Vitória. Oberlin bisou aos 69’ e Riveros completou a mão cheia aos 73’.

O Benfica continua a ter problemas e os resultados das últimas semanas, com a excepção da vitória com o Paços, são um indicador. São uma defesa sem velocidade, um Pizzi em sub-rendimento, um Jonas que não chega para tudo, os alas com pouca criação. Nas duas épocas anteriores, Rui Vitória conseguiu arranjar soluções de recurso que se tornaram definitivas. É tempo de as arranjar.

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