Mari Alkatiri confirma que vai liderar o próximo Governo timorense

Apesar de ter dito anteriormente que preferia não ser primeiro-ministro, Alkatiri diz que aceitou o cargo sob pressão.

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LUSA/NUNO VEIGA

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, partido timorense mais votado, confirmou esta terça-feira que aceitou a sua indigitação como primeiro-ministro pela coligação que vai formar o VII Governo constitucional de Timor-Leste.

"Depois de várias consultas eu decidi aceitar ser o candidato a primeiro-ministro", disse Mari Alkatiri, na sede da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) em Díli, nesta terça-feira.

"A escolha da minha pessoa já estava mais que assente (por parte dos três partidos da coligação). O que demorou mais foi a minha decisão de aceitar ou não", disse, explicando que na quarta-feira essa decisão será comunicada ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo.

Questionado pela Lusa sobre o facto de ter dito, nos últimos meses, que preferia não ser primeiro-ministro, Alkatiri disse que foi muito pressionado. "Alguém muito conhecido aqui no país disse-me hoje que tinha que avançar e que não havia outra opção para mim. Mas que tinha que estar preparado para a glória ou para ser crucificado", disse.

Alkatiri falava durante uma curta interrupção num encontro que a liderança da Fretilin manteve com os líderes dos partidos da coligação, Partido Democrático (PD) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), respectivamente quarto e quinto mais votados nas legislativas de 22 de Julho.

"Hoje, depois desta reunião e de novas consultas com várias personalidades, decidi aceitar a candidatura", disse, referindo que o calendário para a formação do Governo depende agora do chefe de Estado.

Depois de várias semanas de negociações, os três partidos reuniram-se esta terça-feira para fechar as negociações de formação do Governo que Alkatiri garantiu à Lusa terá membros dos três partidos mas também "outras personalidades" do país. "Há personalidades com mérito que vão ser convidadas", disse, escusando-se a avançar nomes.

O executivo, disse, será "menor que o VI Governo", que está actualmente em funções, terá ministros de Estado e começará a ser preenchido depois da reunião de quarta-feira que a liderança dos três partidos mantém com o chefe de Estado.

Questionado sobre o facto de a eleição para o presidente do Parlamento Nacional, na semana passada, ter mostrado alguma falta de coesão na coligação do Governo - entre si representam 35 deputados mas o candidato da Fretilin obteve apenas 33 votos, mais um que o seu rival - Alkatiri disse que se trata de uma processo que “ainda se está a consolidar”.

"Não tivemos tempo de consolidar a coligação antes de votar. A coligação foi concluída a quatro e a votação foi no dia cinco. Aniceto Guterres é presidente e não é preciso falar mais nisso. A coligação vai-se consolidando no tempo. E votos secretos já não vai haver", explicou.

Alkatiri confirmou igualmente os contornos da quebra nas negociações entre o Partido Libertação Popular (PLP) - terceiro mais votado - que chegou a ser anunciado como membro da coligação (com o KHUNTO e em vez do PD), abandonando depois esse cenário.

O secretário-geral da Fretilin confirmou que o PLP apresentou como exigência que um dos seus líderes - no caso o líder da bancada, Fidelis Magalhães - fosse escolhido como presidente do Parlamento Nacional.

"Não é por não aceitar. Se avançássemos com a exigência do PLP não teríamos ganho só por um voto, teríamos perdido. Se fosse Taur Matan Ruak (líder do partido) não tinha dúvidas. Agora o candidato que apresentaram, teríamos perdido", disse.

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