Cartas ao director
Os terroristas não avisam
“Não houve nenhum aviso de que vá haver um atentado terrorista aqui ali ou acolá”. Custa a acreditar que esta declaração foi feita pela ministra da Administração Interna. Os terroristas não costumam avisar. De resto, os grandes atentados do último ano não foram impedidos. Nice e Barcelona são exemplos sanguinários de afirmação política e religiosa. Os elementos da Unidade Especial de Polícia e dos comandos metropolitanos estão na primeira linha de defesa das populações. Contudo, se as autoridades portuguesas estão à espera de indícios para alterar o nível de alerta, grau dois, em escala de cinco, estão no caminho errado.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Os deputados são os filhos, os bombeiros os enteados
Enquanto que a cantina da Assembleia das República parece merecer uma estrela Michelin pela excelência das refeições servidas aos nossos tribunos, os bombeiros que combateram os incêndios em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Góis queixaram-se da falta de apoio logístico e da qualidade e do atraso das refeições. Perante as queixas, o Ministério da Administração Interna (MAI) ordenou um inquérito. Mas mesmo com insuficiência alimentar os soldados da paz não deixam de servir as populações. Os inquéritos do MAI e os abraços de Marcelo Rebelo de Sousa são bem- vindos, mas os bombeiros devem ser alimentados com dignidade.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Homens pequeninos
Enquanto primeiro-ministro, em conjuntura expansionista, afivelou uma máscara de seriedade que lhe colou bem, e nem as acções do BPN lhe fizeram mossa. Eleito Presidente da República quase sem contestação, acabou por deixar sinais de que lhe interessou mais o "penacho" do que o bem do país. Cavaco Silva teve tudo para ser grande, mas fez o seu próprio downsizing sem precisar de ir ao Festival de Veneza. Inexplicavelmente, preferiu a pequenez dos mesquinhos, incapaz de se libertar da invejazinha perante o sucesso dos que provam, não por palavras, mas com a realidade, que ele estava errado. Para quem “nunca se engana”, já se lhe contam erros a mais. Sempre à procura, nos outros, das culpas da sua existência frustrada, lamentando que não lhe mostremos gratidão e reconhecimento pela própria grandeza que, parece-me, só existiu na sua cabeça. São assim os homens pequeninos, coitadinhos, que não conseguem libertar-se do fascínio de apontar o dedo aos outros nem alijar a sanha acusatória. E sempre ressabiados.
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia