Inquérito a caso de grávida que perdeu feto

Mulher estava internada em Santa Maria, em Lisboa. Averiguações visam apurar se houve negligência durante protesto de zelo dos enfermeiros.

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PAULO PIMENTA / PUBLICO

O administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Carlos Martins, pediu a abertura de um inquérito ao caso de uma grávida internada no Hospital de Santa Maria que perdeu o feto na quinta-feira. Tratava-se de uma grávida de risco com pouco mais de 20 anos, que sofria de problemas respiratórios e cardíacos. 

A noticia foi avançada pelo Expresso e confirmada pelo PÚBLICO. “As averiguações visam apurar se a mulher foi vítima de um comportamento negligente dos profissionais de enfermagem especialistas em saúde materna e infantil, que às 8h00 horas de quinta-feira retomaram o protesto de zelo, recusando-se a prestar cuidados especializados”, pode ler-se naquele jornal, segundo o qual o protesto dos enfermeiros parteiros está a criar dificuldades na prestação de cuidados naquela unidade de saúde, havendo ordens, a partir desta sexta-feira, para transferir as grávidas de risco logo que falte capacidade de resposta. 

O Ministério da Saúde recusa-se a prestar esclarecimentos sobre o caso, remetendo eventuais informações para o Centro Hospitalar de Lisboa Norte. "Até à conclusão da autópsia [do feto] e do inquérito são extemporâneas quaisquer declarações", reage, por seu turno, aquele centro hospitalar, ao mesmo tempo que expressa o seu pesar e solidariedade para com a mãe e a família. 

Bruno Reis, que lidera o movimento dos enfermeiros especialistas, também entende ser prematuro pronunciar-se sobre uma situação cujos contornos diz desconhecer. "Lamentamos o sucedido, inevitavelmente", observa. "Mas aguardaremos os resultados do inquérito". O protesto da classe passa por os enfermeiros prestarem apenas cuidados gerais às grávidas e não cuidados especializados, uma vez que consideram não estarem a ser pagos para isso. "Avisámos desde logo o Ministério da Saúde para o risco de manter os serviços de internamento de grávidas abertos nestas circunstâncias", recorda Bruno Reis, acrescentando, porém, que nunca esteve em causa a prestação de cuidados às utentes em situações de emergência.   

 

 

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