Sara de Sousa Correia, uma portuguesa a lutar pela defesa dos Guarani Kaiowá

Uma delegação europeia de observadores dos direitos humanos está a visitar as terras indígenas dos Guarani Kaiowá no Brasil. Entre eles está a activista e documentarista Sara de Sousa Correia

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Sara é documentarista do colectivo Líquen DR

Uma delegação europeia observadores dos direitos humanos está a visitar as terras indígenas dos Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul. Entre a equipa de oito participantes há uma portuguesa.

 

Como representante do grupo ecologista GAIA e o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) está Sara de Sousa Correia. Activista da Campanha pela Liberdade das Sementes em Portugal, a jovem é documentarista do colectivo Líquen, que se dedica a temas de ecologia humana e soberania alimentar. 

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Reunião da delegação dos observadores com três lideres locais DR

 

Entre os seus trabalhos está Hortas di Pobreza, premiado como melhor longa-metragem em 2011 pelo FESTin, e o documentário internacional Seed Act - Acto:Semente, que conta a história das "pessoas que todos os dias preservam e defendem" as sementes de cultivo na Europa. 

 

A visita, explicou à agência Lusa Paulo Lima, presidente da organização Viração&Jangada em Itália e fundador e director da associação Viração Educomunicação no Brasil, "surgiu a partir de um convite do cacique Guarani Kaiowá Ládio Veron", aquando da sua visita a Portugal e a outros países europeus no primeiro semestre de 2017. 

 

O líder indígena esteve em Portugal em Junho para denunciar a ocupação das terras dos Guarani-Kaiowá e a situação precária dos acampamentos em que muitos índios vivem, à beira de estradas naquele Estado. Veron terminou em Portugal uma longa viagem por 13 países, entre os quais Irlanda, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e outros, para denunciar a situação caótica em que vivem as populações indígenas no Brasil. Diga-se que a região do Mato Grosso do Sul tem os maiores índices de violência contra os povos indígenas, já que nos últimos 15 anos já terão sido assassinados 400 índios, entre os quais, o pai de Ládio, Marcos Veron, que foi assassinado em 2003. 

 

Os oito representantes das associações europeias em questão vão estar a visitar os territórios até segunda-feira. Querem "sobretudo conhecer a situação em que se encontra um dos povos mais ameaçados pela investida do agronegócio no Brasil, discutir formas de cooperação internacional e estabelecer canais de comunicação directa entre uma rede de apoio que se está criando na Europa e as comunidades Guarani Kaiowá".

 

No programa estão previstas visitas aos acampamentos à margem de estradas, às aldeias, às áreas de retomadas e aos lugares onde recentemente foram encontrados corpos de indígenas Guarani Kaiowá que eram tidos como desaparecidos, segundo os organizadores. Os activistas também se vão encontrar com investigadores e representantes de entidades que há anos contribuem para a defesa dos povos indígenas da região.

 

Os restantes membros da comitiva europeia são Rosemeire Jorge (Brasil/Espanha), Gabriel Priego Vico (Espanha), Katharina Mähler (Alemanha), Sabrina Tschiche (Alemanha), Mariangela Casalucci (Marita, Itália), Paulo Lima (Brasil/Itália), Jordi Ferré Losa e Karai Mirim (Brasil/Catalunha).

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