O jovem português Luís Silva iniciou esta quinta-feira, em Lisboa, uma caminhada solitária de 500 quilómetros pela costa alentejana e algarvia até à fronteira com Espanha para angariar fundos para associações que ajudam refugiados.
De mochila às costas e com um cartaz onde se lê "refugiando.org", o nome do projecto, o jovem estudante do MIT Portugal partiu sozinho do Largo de Carnide para uma longa viagem de 12 dias durante a qual pretende sensibilizar os portugueses para esta causa.
A ideia, como contou aos jornalistas, surgiu depois de uma visita recente a um campo de refugiados junto à fronteira entre a Sérvia e a Hungria, onde visitou uma organização não-governamental que fornecia roupa e alimentos para os migrantes confeccionarem.
Os refugiados, a maioria do Paquistão e do Afeganistão, acabaram por convidar os voluntários para jantar e cozinharam para eles. Todos eram mais jovens que Luís. Um em cada quatro era menor de idade. "Pensei que poderia ser eu a estar no lugar deles", reflecte o jovem de 29 anos. E se fosse ele a ter de abandonar a sua casa, o seu país? "Em Portugal", sublinha, "temos sorte por não termos condições que nos façam fugir neste momento, mas isso não é uma realidade em todo o mundo". Decidiu então agir. Com o Refugiando, quer "tentar mostrar às pessoas o que é que seria se tivessem de sair" do seu país.
"Não sei se vou conseguir chegar ao fim"
Luís confessa que está "um bocadinho assustado" com o que está para vir. Como quer tentar perceber as dificuldades por que os refugiados passam, carrega apenas uma mochila com uma muda de roupa, uma lata de salsichas e de atum e um saco-cama. "Não sei se vou conseguir levar isto até ao fim, se vou conseguir 'sobreviver'", admite. Também não definiu bem o percurso da viagem. Quer caminhar "sempre justo a costa", mas apenas sabe isso. "Não marquei alojamento, não sei onde vou dormir."
Ainda esta quinta-feira, segue até Belém, apanha o barco para a Trafaria e segue até ao Cabo Espichel. Espera fazer cerca de 50 quilómetros por dia e espera terminar a viagem a 21 de Agosto, dia de aniversário da sua mãe, que, apesar de "preocupada", o apoia nesta aventura. Quem quiser acompanhar todo o caminho pode consultar o blog que Luís vai alimentar.
Durante a viagem, o jovem pretende incentivar as pessoas a participarem num Sand bucket challenge. Este desafio, idealizado pelo próprio, é semelhante ao Ice bucket challenge, com a diferença de que se usa areia para simbolizar a acumulação de pó durante a viagem. O objectivo é que os interessados partilhem um vídeo nas redes sociais a dizer quanto doaram, e a que associação, e/ou despejem um balde de areia na cabeça. Devem ainda nomear três outras pessoas para fazer o mesmo. O propósito, realça, é que as pessoas que estão na praia contribuam.
Por cada ajuda que receber para a viagem, Luís Silva compromete-se ainda a doar um valor semelhante a uma das associações indicadas no site, excepto se a própria pessoa se oferecer para o fazer. "Se me derem uma água ou uma sandes, eu comprometo-me a doar esse valor a essas associações." No caso de ninguém o ajudar na travessia, o jovem irá doar o dinheiro que gastar na viagem.