Luís vai caminhar 500 quilómetros para ajudar refugiados

Com 29 anos, Luís vai fazer uma caminhada de 500 quilómetros pela costa portuguesa para angariar fundos para associações que apoiam refugiados. Espera sensibilizar os portugueses para esta causa

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Luís espera terminar a viagem a 21 de Agosto Tiago Petinga/Lusa

O jovem português Luís Silva iniciou esta quinta-feira, em Lisboa, uma caminhada solitária de 500 quilómetros pela costa alentejana e algarvia até à fronteira com Espanha para angariar fundos para associações que ajudam refugiados.

De mochila às costas e com um cartaz onde se lê "refugiando.org", o nome do projecto, o jovem estudante do MIT Portugal partiu sozinho do Largo de Carnide para uma longa viagem de 12 dias durante a qual pretende sensibilizar os portugueses para esta causa.

A ideia, como contou aos jornalistas, surgiu depois de uma visita recente a um campo de refugiados junto à fronteira entre a Sérvia e a Hungria, onde visitou uma organização não-governamental que fornecia roupa e alimentos para os migrantes confeccionarem.

Os refugiados, a maioria do Paquistão e do Afeganistão, acabaram por convidar os voluntários para jantar e cozinharam para eles. Todos eram mais jovens que Luís. Um em cada quatro era menor de idade. "Pensei que poderia ser eu a estar no lugar deles", reflecte o jovem de 29 anos. E se fosse ele a ter de abandonar a sua casa, o seu país? "Em Portugal", sublinha, "temos sorte por não termos condições que nos façam fugir neste momento, mas isso não é uma realidade em todo o mundo". Decidiu então agir. Com o Refugiando, quer "tentar mostrar às pessoas o que é que seria se tivessem de sair" do seu país. 

"Não sei se vou conseguir chegar ao fim"

Luís confessa que está "um bocadinho assustado" com o que está para vir. Como quer tentar perceber as dificuldades por que os refugiados passam, carrega apenas uma mochila com uma muda de roupa, uma lata de salsichas e de atum e um saco-cama. "Não sei se vou conseguir levar isto até ao fim, se vou conseguir 'sobreviver'", admite. Também não definiu bem o percurso da viagem. Quer caminhar "sempre justo a costa", mas apenas sabe isso. "Não marquei alojamento, não sei onde vou dormir."

Ainda esta quinta-feira, segue até Belém, apanha o barco para a Trafaria e segue até ao Cabo Espichel. Espera fazer cerca de 50 quilómetros por dia e espera terminar a viagem a 21 de Agosto, dia de aniversário da sua mãe, que, apesar de "preocupada", o apoia nesta aventura. Quem quiser acompanhar todo o caminho pode consultar o blog que Luís vai alimentar.

Durante a viagem, o jovem pretende incentivar as pessoas a participarem num Sand bucket challenge. Este desafio, idealizado pelo próprio, é semelhante ao Ice bucket challenge, com a diferença de que se usa areia para simbolizar a acumulação de pó durante a viagem. O objectivo é que os interessados partilhem um vídeo nas redes sociais a dizer quanto doaram, e a que associação, e/ou despejem um balde de areia na cabeça. Devem ainda nomear três outras pessoas para fazer o mesmo. O propósito, realça, é que as pessoas que estão na praia contribuam.

Por cada ajuda que receber para a viagem, Luís Silva compromete-se ainda a doar um valor semelhante a uma das associações indicadas no site, excepto se a própria pessoa se oferecer para o fazer. "Se me derem uma água ou uma sandes, eu comprometo-me a doar esse valor a essas associações." No caso de ninguém o ajudar na travessia, o jovem irá doar o dinheiro que gastar na viagem. 

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