Edouard Philippe, o executante

O primeiro-ministro francês foi classificado por Macron como o responsável por pôr em prática a política por ele traçada.

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“Nem eu nem o Presidente queremos fazer o papel um do outro”, disse o primeiro-ministro Edouard Philippe VALDA KALNINA/EPA

Edouard Philippe é apenas o mais recente primeiro-ministro francês ofuscado por um Presidente-sol, que tudo ofusca? Esta terça-feira, o chefe do Governo faz o discurso do estado da nação, mas o seu espaço de acção foi já traçado por Emmanuel Macron. “O Presidente da República deve fixar o sentido do mandato. Cabe ao primeiro-ministro, que dirige a acção do Governo, dar-lhe corpo”, disse Macron em Versalhes.

A sua função, portanto, é executar os planos de Macron. Ficam assim cortadas pela raiz quaisquer ambições de independência de Philippe, ex-deputado e ex-presidente da Câmara de Havre, discreto enquanto político mas de quem se conhecem alguns sinais de irreverência, quando não mesmo marialvismo – pelo menos nos policiais que escreveu.

A imprensa francesa tem estado cheia de especulações sobre uma possível relação de rivalidade entre Macron e Philippe, à semelhança das de Giscard d’Estaing e Jacques Chirac, de Chirac e Lionel Jospin, ou François Mitterrand e Michel Rocard, presidentes e primeiro-ministros com personalidades fortes.

No discurso de Versalhes, o Presidente atribuiu também a Phillipe a responsabilidade de dar a cada ministro do Governo “objectivos claros” a cumprir – reproduzindo um sistema de organização que seria talvez mais comum encontrar numa empresa do que num governo. Mas Macron, sabe-se, admira o espírito empreendedor e as start ups e toda a sua campanha funcionou com esse tipo de organização, com um núcleo de colaboradores muito próximos.

“Nem eu nem o Presidente queremos fazer o papel um do outro”, assegurou o primeiro-ministro ao Le Monde. Não aceita provocações que refiram a relação tensa entre o Presidente Nicolas Sarkozy e o seu primeiro-ministro, François Fillon, a quem o primeiro chamava o seu “colaborador”, para depois o “desprezar de forma injusta”, disse ao diário francês.

Philippe conhece as regras da V República, sabe que não há espaço para um braço-de-ferro entre o primeiro-ministro e o Presidente”, disse ao Le Monde o ex-deputado socialista Jérôme Guedj. “Por ora, saboreia o prazer e a responsabilidade de estar em Matignon. Não sonha ser Presidente em 2022, o quer é ser primeiro-ministro a máximo de tempo possível”, afirmou Guedj.

 

 

 

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