Condenada à segunda fase pela gramática?

Durante a época de exames do ensino secundário, que se inicia nesta segunda-feira, dois alunos do 12.º ano vão relatar no PÚBLICO como são estes dias de provas. Hoje, Leonor Prisca diz-nos como correu o exame de Português.

Contra todas as fugas de informação da véspera saiu Alberto Caeiro e Vergílio Ferreira. O Instituto de Avaliação Educativa (Iave) tem sempre a capacidade de nos surpreender.

O que não surpreendeu foram os comentários que seguiram o fim do exame. De certeza que a quantidade de recursos e segundas fases vai ultrapassar o número de vezes que ouvi “Básico!” hoje.

O poema para análise foi “XXXVI” de O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro. Este é ilustrador da sua filosofia de vida: a recusa do pensamento e o primado das sensações.

Já nos últimos versos do poema apercebemo-nos de que o sujeito quer ser mais um elemento e viver em comunhão com a Natureza. Ao menos partilhámos, mesmo que por momentos, da mesma opinião. De facto, também eu senti que derretia, assombrada pelo calor que estava, e me tornava mais uma poça de água nas imensas que existem.

Depois, Vergílio Ferreira. Um excerto referente às memórias de acessível interpretação. Não tecerei grandes comentários pois, pelo menos a mim, não deixa más recordações deste exame.

De seguida o que mais temia. Os deuses da gramática não apresentaram misericórdia pelos estudantes ou talvez seja eu incapaz de compreender essa ciência… Como a corda que mata o Homem na forca, também penso que a gramática me tenha condenado à segunda fase... Veremos!

Por fim, a expressão escrita. Mais uma vez, trouxe a temática das memórias. Tu que fizeste o exame, porque estás tão melancólico e nostálgico? Não te devias ter esquecido que nós, os putos, ainda estamos a viver a nossa infância e este exame poderá ser um marco que torna as recordações desta um bocadinho menos mágicas e idealizadas!

Bem, está feito. Por muito que seja aliciante a proposta de assaltar quem quer que seja que tenha os exames para alterar o grupo II ou a questão 1.1, esperar pelos resultados é a nossa única opção.

Sem nervosismos, que há segunda fase e, se for preciso, há ano de melhorias, que o que não falta em Portugal são oportunidades. E quanto ao resto? Tenho outro destes só que pior, daqui a dois dias, talvez os deuses da História sejam mais meigos comigo e o calor mais brando para todos nós.

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