Governo pede à Protecção Civil que investigue incêndio no Túnel do Marão

A empresa Infraestruturas de Portugal assegura que não houve falhas no sistema de segurança no incêndio, sem vítimas, de um autocarro, neste domingo.

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O túnel ainda tem a circulação condicionada no sentido Amarante-Vila Real Nelson Garrido

O Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, ordenou, esta segunda-feira, a abertura de um inquérito parar apurar as circunstâncias em que foi dado o alerta do incêndio de um autocarro com 20 passageiros, que ocorreu este domingo no Túnel do Marão. O Governo reagiu desta forma às críticas do autarca de Vila Real, Rui Santos, que denunciou a demora no accionamento dos meios de socorro.

Em comunicado, Jorge Gomes afirmou ser necessário que a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) investigue de que forma foram alertados os "diferentes agentes de protecção civil e o despacho dos meios de socorro, bem como a necessidade de avaliar a execução do Plano de Emergência Interno e do Plano Prévio de Intervenção” do túnel.

Já a Infraestruturas de Portugal (IP) garantiu que nada falhou no sistema de controlo de emergência: “Desde o primeiro alerta [20h29] até ao disparo do alarme de incêndio no túnel, momento em que as autoridades são avisadas, foram cinco minutos”, assegurou ao PÚBLICO o porta-voz da empresa. O sistema de ventilação, essencial para a extracção do fumo do interior do túnel, começou a “funcionar normalmente” também cerca de cinco minutos após o primeiro alerta, explicou.

“Foi activado o plano automático de sinalização para fecho do túnel e as pessoas começaram logo a sair do autocarro e a dirigirem-se para as saídas de emergência”, acrescentou a IP, que reforçou que às 20h35 as equipas de segurança já estavam no terreno para fazer a evacuação do local. O Centro Distrital de Operações de Socorro do Porto (CDOS) foi alertado à mesma hora, insiste.

A empresa referiu que ainda antes da abertura do túnel, em Maio de 2016, decorreram “vários simulacros sempre em coordenação com o CDOS, dentro dos tempos e das possibilidades” para situações como a que ocorreu este domingo.

A Câmara de Vila Real tem uma visão divergente dos acontecimentos e deixou críticas à segurança e ao tempo de resposta que, considera o autarca local, não foi "o mais desejado e adequado". Rui Santos afirmou à Agência Lusa ser necessário um “inquérito exaustivo ao acidente que relate o que correu bem e explicite o que correu mal” e diz não concordar com a mudança do controlo de tráfego do túnel de Vila Real para Almada, no distrito de Setúbal.

Segundo o autarca, os serviços de socorro - INEM e GNR - só foram alertados 15 minutos depois de o incêndio ter começado e alguns passageiros do autocarro foram ajudados pelos condutores que passavam no local. "Os extractores de fumo, embora tenham funcionado, numa primeira fase não corresponderam ao que era a expectativa, injectando fumo não para o exterior, mas para o túnel paralelo àquele onde ocorreu o incêndio", acrescentou o presidente da autarquia.

O Comandante dos Bombeiros Voluntários de Amarante, Rui Ribeiro, explicou ao PÚBLICO que no momento em que a corporação chegou ao túnel o sistema de ventilação já estava em funcionamento: “Se não tivéssemos a ventilação a funcionar iria ser muito complicado combater aquele incêndio, porque nós neste momento já não temos veículos apropriados para actuar nessa situação”.

Às 6h30 desta segunda-feira a circulação no sentido Vila Real-Amarante foi restabelecida, mas o trânsito no sentido Amarante-Vila Real só vai ser normalizado nos próximos dias, depois de estarem garantidas todas as condições de segurança. 

A empresa proprietária do autocarro, Rodonorte, já anunciou que vai abrir um inquérito para apurar as causas do incêndio.

Texto editado por Abel Coentrão

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