PSD vê com agrado propostas sobre aprofundamento da União Económica e Monetária

"Não há bases sólidas se não tivermos uma união económica e monetária solidificada", considera Miguel Morgado.

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Miguel Morgado destaca que muitas propostas eram já defendidas pelo PSD Rui Gaudêncio/Arquivo

O PSD encara com agrado o documento apresentado na quarta-feira pela Comissão Europeia sobre um aprofundamento da União Económica e Monetária (UEM), recordando que muitas das propostas agora divulgadas já tinham sido defendidas pelos sociais-democratas em 2015.

"É com muito agrado que o PSD vê este documento agora publicado pela Comissão Europeia (CE)", disse Miguel Morgado, vice-presidente da bancada parlamentar do Partido Social-Democrata (PSD), em declarações à agência Lusa, salientando que muitas das propostas inscritas no documento são defendidas pelos sociais-democratas desde Maio de 2015, como é o caso da criação de um Fundo Monetário Europeu.

A CE apresentou na quarta-feira um documento de reflexão com propostas para completar a União Económica e Monetária (UEM), que admite a possibilidade de nomeação de um presidente permanente e a tempo inteiro para o Eurogrupo.

O documento apresentado em Bruxelas pelos comissários do Euro, Valdis Dombrovskis, e dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, inclui a eventual criação de um Tesouro para a zona euro e um Fundo Monetário Europeu e admite a possibilidade de nomeação de "um presidente permanente e a tempo inteiro para o Eurogrupo", que poderia mesmo acumular essas funções com a de comissário europeu.

A Comissão prevê medidas concretas que poderiam ser adoptadas até às eleições europeias de 2019, assim como um conjunto de opções para os anos seguintes, a partir do momento em que esteja concluída a arquitectura da UEM.

Segundo o deputado social-democrata, o documento é um "dado muito positivo", porque "finalmente parece que a discussão nas instituições europeias para a reforma da arquitectura da zona Euro está a seguir um rumo".

Um rumo desejado, segundo frisou Miguel Morgado, "para ter as soluções institucionais mais adequadas face às carências que a zona Euro ainda enfrenta". Ainda em declarações à Lusa, o social-democrata desafiou os vários partidos políticos nacionais, nomeadamente os que suportam o actual Governo, "a começar pelo Partido Socialista", a mostrar a sua posição em relação ao documento da CE.

"Recordo que desde Maio de 2015, quando o PSD avançou com essas propostas junto das instituições europeias, nós nunca tivemos da parte do Partido Socialista apoio para isso, nem quando o actual governo tomou posse", referiu Miguel Morgado, acrescentando: "Durante o ano de 2016 insistimos permanente no parlamento (...) para que houvesse uma continuidade na reunião dos apoios europeus" para as propostas avançadas, mas, segundo o social-democrata, "nunca houve uma resposta, houve sempre uma fuga a essa resposta" por parte do governo.

"Só em Dezembro de 2016, na vigésima quinta hora, é que o primeiro-ministro apareceu ao lado da posição de apoio da criação de um Fundo Monetário Europeu. Agora está na altura de saber o que o Governo vai fazer no Conselho Europeu", concluiu.

Portugal tem defendido insistentemente a necessidade de completar a UEM, tendo o primeiro-ministro, António Costa, defendido em Março passado, por ocasião da celebração dos 60 anos dos Tratados de Roma, fundadores da actual UE, que a ambição da União deve passar "desde logo por concluir a UEM, de forma a estabilizar a zona euro".

"Se há lição que também devemos retirar destes 60 anos é que sempre que fizemos fugas para a frente e quisemos dar passos maiores do que a perna ou construir novos edifícios sem consolidar primeiro as fundações, as coisas não correram bem. E por isso há que tirar as boas lições, celebrar o resultado global, aprender com as lições e avançarmos com bases sólidas, e não há bases sólidas se não tivermos uma união económica e monetária devidamente completada e solidificada", afirmou então.