PSD ataca: Teresa Leal Coelho diz que lisboetas estão a pagar o preço da “geringonça”

A candidata à autarquia de Lisboa recebeu palmas ao garantir que haverá uma creche em cada bairro.

Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos

Não se poupou nas acusações, nem sequer no vocabulário. Na convenção autárquica do PSD, em Lisboa, criou-se a oportunidade para desferir vários golpes nas esquerdas que se uniram para governar o país, a solução conhecida como “geringonça”. Foram sobretudo os sociais-democratas Carlos Carreiras e Teresa Leal Coelho que puseram os pontos nos is: a candidata à Câmara de Lisboa defendeu que também os lisboetas estão a pagar o preço da “geringonça” e o ainda autarca de Cascais teceu muitas e muitas críticas a socialistas, bloquistas e comunistas. Até mal-educado chamou ao seu adversário da CDU no concelho, Clemente Alves.

Teresa Leal Coelho começou por criticar as políticas do Governo em relação ao metro, acusando-o de, por exemplo, diminuir o número de carruagens. “O Governo diminui o défice à custa de cativações e quem se trama é não só, mas também, o cidadão de Lisboa”, disse. E o raciocínio continuou em relação à Carris: a municipalização da Carris e o “rasgar” do contrato de concessão defendido pelo PSD mais não é do que o preço que o executivo de António Costa “paga para ter o apoio do PCP”, e também do Bloco de Esquerda. Mais, insistiu: a autarquia vai buscar dinheiro à EMEL para pagar a “dívida operacional da Carris”. A candidata acusou a EMEL de duplicar as receitas, fazendo uma “caça à multa” e espalhando mais parquímetros pela cidade. Mais uma vez: “Os cidadãos que trabalham em Lisboa estão, por via da EMEL, das taxas e dos impostos, a pagar o preço da geringonça”, afirmou. Esta linha de pensamento só podia culminar com “uma das primeiras medidas” de Teresa Leal Coelho: “Deixar de colocar os cidadãos de Lisboa como avalistas para a sustentação do Governo.”

O terreno para atacar a solução de Governo à esquerda já tinha sido preparado por Carlos Carreiras, que se recandidata a Cascais. Mostrando-se a favor da descentralização, o autarca criticou “os senhores comunistas e os senhores bloquistas” (e também o PS) por bloquearem o processo. Porquê? Porque a descentralização “não permite alimentar as suas corporações”, porque permite uma maior “participação” dos cidadãos e estas forças políticas, acusou, “não confiam nos cidadãos”, querem “sistemas controlados”.

Em alturas diferentes do discurso, o social-democrata tanto disse que o PS é próximo de uma fatia do Bloco, que a coligação das esquerdas é fácil porque pensam da mesma forma, como afirmou que os socialistas têm de ceder para manter este Governo. Houve vários ataques. Noutro ponto da intervenção, a propósito de Parcerias Público-Privadas, Carlos Carreiras lembrou que PCP e Bloco de Esquerda são contra, e ao PS ainda deu honras de uma referência à parte, por ter feito algumas “parcerias público-parvas”. Lamentou que haja questões ideológicas “bloqueadoras” do desenvolvimento e aproveitou para criticar o candidato da CDU em Cascais, “o piorzinho que eles lá podiam ter”, “doido”, “mal-educado” e que deve “muito aos níveis de democracia”. Se dúvidas ainda houvesse sobre o que pensa Carlos Carreiras deste Governo, o autarca ainda se referiu a esta solução como uma “forma de não cumprir as práticas constitucionais” que os portugueses vão pagar.

Turistas não podem expulsar lisboetas

Quanto a algumas medidas abordadas, Teresa Leal Coelho insistiu que todos os candidatos sociais-democratas assinarão uma carta de compromisso ético e de transparência, segundo a qual cada despesa da Câmara Municipal ou da Junta de Freguesia será publicitada em edital trimestralmente. Mostrou preocupação com questões ligadas à acção social, dos idosos que vivem sozinhos em Lisboa aos jovens que querem instalar-se em Lisboa. E recebeu palmas ao anunciar que colocará, com apoio da Câmara, uma creche em cada bairro.

Sobre o turismo, disse que o PSD não quer expulsar os turistas de Lisboa, mas os turistas também não podem expulsar os lisboetas de Lisboa. Afirmou que a prioridade são as pessoas que vivem, trabalham, nascem, envelhecem em Lisboa, para que continuem na cidade e não “fujam” para concelhos limítrofes. Defendeu um turismo “de mais qualidade” (turistas que gastem mais) e brincou com o actual estado das coisas: “Se não, qualquer dia a marcha de Alfama vai ter de treinar na Trafaria.”

Antes de sentar na mesa, quando ainda estava a abrir a convenção, Carlos Carreiras também tentou varrer polémicas: garantiu que, “apesar do ruído”, o processo de preparação das autárquicas foi pacífico no PSD e que começou a ser preparado há mais de um ano. Reafirmou a aspiração de o partido voltar a liderar a Associação Nacional de Municípios, de reforçar as lideranças no distrito de Lisboa e de dedicar a vitória, a 1 de Outubro, a Pedro Passos Coelho.

À margem da convenção e em declarações aos jornalistas, Mauro Xavier (que se demitiu de líder da concelhia em desacordo com a estratégia autárquica) fez questão de enterrar polémicas passadas e de defender que Teresa Leal Coelho é a melhor candidata. Já a própria, também à comunicação social, também fez questão de sublinhar que a sua candidatura tem um tempo próprio, independente de qualquer outro candidato. E, quando foi questionada sobre se ficar atrás da candidata centrista, Assunção Cristas, seria uma grande derrota, a social-democrata usou a ironia para (não) responder. Disse que não entendia a pergunta, porque as candidaturas do PSD são vencedoras: “Serei a próxima presidente da Câmara Municipal de Lisboa”.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários