Guardas dizem que declarações da ministra em Fátima “são lamentáveis"

Os "profissionais da GNR que estão a dormir em colchões no chão" e "sem condições para tomarem banho" dispensam "a ironia da sra. ministra", lê-se no comunicado da APG.

Foto
ANDRE FERREIRA/LUSA

A Associação dos Profissionais da Guarda – APG/GNR reagiu em comunicado nesta sexta-feira às declarações da ministra da Administração Interna em Fátima. A governante admitiu “constrangimentos” no alojamento de militares da GNR, durante a visita do Papa. Mas afirmou que se trata de “uma circunstância excepcional” — “Naturalmente, o ideal seria alojá-los em hotéis de cinco estrelas, não existem na região, não é possível. Portanto, estão numa situação meramente provisória, extraordinária para uma missão única”, afirmou Constança Urbano de Sousa, citada pela Lusa. A APG/GNR diz que estas declarações “são lamentáveis e claramente dispensáveis”.

“Refira-se que os tais profissionais da GNR que estão a dormir em colchões no chão, sem lençóis ou cobertores, sem condições para tomarem banho e sem acesso a refeições dispensam a ironia da sra. ministra, quando refere que ‘o ideal seria alojá-los em hotéis de cinco estrelas’. Aliás, é no mínimo insultuoso que a responsável da tutela ironize com a situação, sendo certo que há uma questão de princípio que parece esquecer-se: os profissionais da GNR não estão em penitência, estão em trabalho”, lê-se no comunicado emitido pela APG, horas depois das declarações da ministra.

Constança Urbano de Sousa visitou de manhã o posto territorial da GNR de Fátima. E não deixou de comentar outro comunicado da APG que criticava as “condições desumanas” de alojamento dos militares da GNR de serviço em Fátima. A ministra considerou que esta situação “não prejudica em nada o grande empenho e profissionalismo de todos os militares da GNR” que participam na operação. “Isto é uma circunstância excepcional, não há capacidade hoteleira, nem em Fátima, nem nos arredores."

No novo comunicado da APG lê-se agora: “Assumir que há ‘constrangimentos’ é minimizar a situação, pois este evento está agendado há um ano e está em causa o acesso a coisas básicas”, como “não existir direito a refeição ou sequer a um banho em quatro dias”.

Segundo a Guarda Nacional Republicana, estão envolvidos na operação de segurança em Fátima cerca de 3000 militares diariamente.

Sugerir correcção
Ler 10 comentários