Europeístas voltam ao Governo na Bulgária, mas agora com os nacionalistas

GERB promete manter todos os compromissos com a União Europeia e a NATO, mas os seus parceiros do Patriotas Unidos são pró-russos.

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Boiko Borisov foi primeiro-ministro em sete dos últimos oito anos Stoyan Nenov/Reuters

O novo Governo da Bulgária recebeu esta quinta-feira a aprovação formal do Parlamento para entrar em funções, depois de ter sido apresentado ao país quarta-feira. O futuro executivo búlgaro é liderado pelo partido de centro-direita e europeísta GERB, mas conta com a participação de uma coligação ultranacionalista e anti-islão.

O primeiro-ministro vai ser novamente Boiko Borisov, que liderou o Governo búlgaro em outras duas ocasiões desde 2009, num total de sete anos em oito.

O GERB (Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária) venceu as eleições legislativas antecipadas realizadas em Março, depois de Borisov ter apresentado a demissão em Janeiro – o primeiro-ministro demitiu-se após a derrota da candidata do seu partido nas eleições presidenciais e a oposição não conseguiu formar governo.

Nessas eleições antecipadas (que só deveriam realizar-se em 2018) o GERB venceu mas sem maioria absoluta, pelo que se viu obrigado a formar uma coligação – e o escolhido foi o Patriotas Unidos, uma coligação nacionalista constituída pelo Movimento Nacional Búlgaro, pela Frente Nacional para a Salvação da Bulgária e pelo Attack.

Com esta coligação governamental, a Bulgária passa a ser liderada por um executivo que tem dois programas aparentemente muito distintos – por um lado o GERB, com as suas políticas conservadoras e populistas, mas a favor da União Europeia; por outro, os nacionalistas do Patriotas Unidos, anti-globalização, proteccionistas, eurocépticos e anti-islão.

O GERB mantém a pasta das Finanças, tendo voltado a nomear para o cargo Vladislav Goranov, e fica com as Infraestruturas, a Energia e a Política Externa. Mas o acordo de Governo deu aos nacionalistas dois vice-primeiros-ministros e as importantes pastas da Defesa, Economia e Ambiente, na primeira vez que chegam ao poder na Bulgária.

O primeiro-ministro já prometeu que irá cumprir todas as obrigações da Bulgária em relação à União Europeia e à NATO. A partir de Janeiro de 2018, e até Junho do mesmo ano, assumirá a presidência do Conselho Europeu, numa altura em que o debate e as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia estarão mais acesas do que nunca.

Para escapar às críticas da União Europeia e para poder integrar o Governo, o Patriotas Unidos deixou de lado o discurso anti-imigração e anti-turco que assumiu durante a campanha eleitoral, mas a sua chegada ao poder é mais uma indicação da força dos partidos nacionalistas em vários países europeus. Os partidos que formam o Patriotas Unidos distinguem-se também pela sua vontade de maior aproximação à Rússia, ao contrário do GERB.

A coligação governamental tem apenas um lugar a mais do que a oposição no Parlamento, mas conta com o apoio parlamentar do Volya (Vontade), outra formação eurocéptica e populista.

Um dos maiores desafios do novo Governo será cumprir a promessa de aumentar a média salarial no país em 50% e aumentar os salários dos professores para o dobro durante os próximos quatro anos.

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