Ghost in the Shell - Agente do Futuro estreou no final do mês de Março. Neste filme, Rupert Sanders leva ao grande ecrã uma das mais populares bandas desenhadas japonesas, que depois se transformou num filme de animação. Mas os primeiros dias nas salas de cinema estão a dar que falar. E não é por boas razões.

Para além dos resultados financeiros abaixo das expectativas – de acordo com o Box Office Mojo, no fim-de-semana de estreia, a produção, que contou com um orçamento de 110 milhões de dólares (cerca de 103 milhões de euros), rendeu 20 milhões de dólares nos EUA (mais de 18,7 milhões de euros) – começou a nascer uma polémica assim que a protagonista do filme entrou em cena. É que, tendo em conta que se trata de uma história originalmente japonesa, e que a protagonista original se chama Major Motoko Kusanagi, o papel desempenhado por Scarlett Johansson causou alguma estranheza a muita gente.

A Vanity Fair, bem como outros media especialistas nos assuntos relacionados com Hollywood, pega no caso mais recente para falar num “branqueamento” nas produções cinematográficas. Ou seja, personagens brancas a interpretar papéis originalmente de asiáticos. “Hollywood – uma cidade movida a dólares e que nem sempre é sensata – é mais provável a escutar quando os protestos chegam a um limite”, escreve a mesma revista.

Major, o nome da personagem por Johansson, é uma heroína cyborg, num futuro próximo, que utiliza um cérebro de uma japonesa morta e que combate os piores inimigos. A própria actriz reagiu à polémica, defendendo que a complexidade da personagem ultrapassa quaisquer questões raciais: “Penso que esta personagem vive uma experiência única em que ela tem um cérebro humano num corpo inteiramente maquinizado. Nunca tentaria interpretar uma pessoa de uma raça diferente, obviamente. Espero que qualquer pergunta que surja ao meu elenco seja respondida pelo público quando assistir ao filme”.

Apesar de tudo, as explicações chegaram um pouco tarde de mais. Até dia 31 de Março, diz o Guardian, mais de 100 mil pessoas assinaram uma petição protestando com a escolha, defendendo que deveria ser uma actriz japonesa a interpretar o papel de Major. Além disso, no site de promoção do filme, foi lançado um desafio aos fãs para publicarem uma imagem com uma legenda iniciada com as seguintes palavras: “Eu sou”, oferecendo-se algumas sugestões como “forte”, “um lutador”, “quem eu quiser”. No entanto, o desafio foi a oportunidade perfeita para os internautas darem largas à sua imaginação e parodiarem a escolha da protagonista. Alguém publicou uma fotografia de Johansson escrevendo “eu sou totalmente uma japonesa, pois”. Outra pessoa colocou uma imagem da actriz Rinko Kikuchi legendando a mesma com a frase: “Eu sou a mulher que deveria estar no elenco”.

Logicamente, a polémica não estalou com tal intensidade por este ter sido o primeiro exemplo de “branqueamento” em Hollywood.  Nos tempos mais recentes, filmes como O Último Airbender, Exodus: Deuses e Reis, Pan: A Viagem à Terra do Nunca, Aloha, Doutro Estranho, a série Iron Fist  ou A Grande Muralha, foram acusados de sofrerem do mesmo mal. 

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