Aluimento de terras impede circulação pela ponte que liga Mértola a Huelva

Autoridades espanholas vão iniciar no final de Abril obras de consolidação do talude que entrou em derrocada mas só em meados do próximo Verão a estrada estará transitável.

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Autarcas de Huelva e Granado visitam estrada cortada por aluimento de terras. Pomarão está ao fundo DR
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Enric Vives-Rubio

A derrocada de um talude a cerca de 50 metros da ponte internacional do Chança, que liga Pomarão (Mértola) ao ayuntamiento de Granado (Huelva), em território espanhol, está a impedir a circulação de pessoas e de viaturas desde o passado dia 5 de Dezembro na sequência de um temporal que assolou a região. Desde aí que não se passa entre os dois países e as terras continuam a soltar-se. Huelva declarou estado de emergência para poder dar início às obras.

A deputação de Huelva refere, através de comunicado, que foram realizados “estudos geológicos e geotécnicos logo que se verificou o desprendimento de terras”. E adianta que nem a estrutura da estrada, nem a ponte foram afectadas pelo aluimento de parte do talude. A deputada da Infraestrutura do Meio Ambiente e Planificação de Huelva, Laura Martín, pede prudência pois os movimentos de terra do talude “prosseguem e até há escassos dias teve lugar um novo desprendimento de rochas”.

A Deputação de Huelva declarou, entretanto, o estado de emergência para assim poder accionar as acções necessárias à “adjudicação directa da elaboração de projecto e a execução das obras”, uma medida prevista na Lei quando ocorrem situações análogas. Contudo, Laura Martín adiantou que “se está a trabalhar numa solução definitiva para que esta situação não volte a repetir-se, o que não significa que a execução seja imediata devido à complexidade geotécnica da zona”.

Com o objectivo de agilizar os procedimentos que possibilitem uma rápida abertura do trânsito, pretende-se adjudicar o projecto e a obra “na próxima semana” com a intenção, como assinalou Laura Martín, “de começar os trabalhos até final no mês de Abril ou na primeira semana de Maio". A ideia é poder abrir a via de forma definitiva em meados do próximo Verão, o que implica que, durante a execução da obra, se “considera oportuno e dentro das condições adequadas a abertura de uma via alternativa para se poder circular”, retomando, de forma condicionada, as ligações através da ponte internacional do Pomarão.

Entretanto, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) avançou com um projecto de resolução que recomenda ao Governo que “interceda junto das autoridades espanholas para a reabertura urgente da estrada HU – 6400” e a “abertura de um corredor rodoviário simples, de atravessamento limitado a veículos ligeiros”.

O BE refere que o encerramento da ponte sobre o rio Chança “causa grandes transtornos e dificuldades às populações que vivem e circulam na zona transfronteiriça”. Pela ponte do Pomarão chegam “muitos turistas e comensais espanhóis” a Mértola e a outros concelhos alentejanos, e saem “portugueses para se abastecerem de produtos de primeira necessidade no outro lado da fronteira”.

Com este acontecimento, os comerciantes e a restauração do Pomarão ficaram “gravemente afectados”, acentuam os bloquistas, frisando que desta forma se perde a principal fonte de receita que tem origem nos espanhóis. O Pomarão e o ayuntamiento de Granado encontram-se separados por 12 quilómetros mas, com o encerramento do tráfego pela ponte internacional, “as duas localidades passaram a ficar separadas por mais de 100 quilómetros”, lembra o BE.

A deputada Laura Martín esclarece que já se deslocou a Madrid no final de Janeiro para pedir ao Governo central que liberte os fundos para as obras de consolidação da barreira que aluiu junto à ponte do Chança, mas até ao momento as verbas necessárias ainda não foram descentralizadas, apesar de estarem garantidas. Perante este panorama, a deputação de Huelva suportará os encargos com os gastos necessários para repor a circulação na via de circulação “entre o Baixo Alentejo e o Andévalo onubense” até que o Governo liberte os fundos necessários à obra.

A ponte internacional do Pomarão foi inaugurada em Fevereiro de 2009 com um investimento de 2,3 milhões de euros. A Câmara Municipal de Mértola e a Diputación de Huelva investiram 572 mil euros e os restantes 1,7 milhões de euros foram financiados pelo FEDER, através do projecto HUBAAL – Interreg IIIA.

O PÚBLICO tentou obter esclarecimentos junto do presidente da Câmara de Mértola, mas ainda não foi possível realizar o contacto.

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