Autarca da Maia diz que população pode estar "tranquila" em relação à legionella

Câmara Municipal da Maia recebeu informações da DGS. Análises têm dado resultados negativos.

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A doença, provocada pela bactéria, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada Pascal Rossignol / Reuters

O vice-presidente da Câmara da Maia afirmou esta quarta-feira que "a população do concelho pode estar muito mais tranquila", porque o assunto relacionado com o surgimento de casos da "doença dos legionários" numa fábrica do concelho está "resolvido".

"As análises que foram feitas, por aquilo que nos foi dado a saber pela entidade competente, que é a Direcção-Geral da Saúde (DGS), é que essas avaliações têm dado negativas", afirmou Silva Tiago, que terça-feira criticou a DGS por não ter, até então, informado a Câmara da Maia desta situação.

Segundo o autarca, "o que a DGS disse, ontem [terça-feira] mesmo, num comunicado escrito, é que não há razões para alarme, que a situação está devidamente circunscrita pela DGS e pelas entidades competentes e que a população e, nós próprios, entidade municipal, podemos estar tranquilos".

Seis casos em estudo

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) confirmou terça-feira que, desde Novembro de 2016, foram identificados dois casos de "doença dos legionários" em trabalhadores da Empresa Sakthi Portugal, na Maia, estando outros seis "em estudo". Na segunda-feira, a DGS avançava apenas com um caso confirmado na fábrica da Maia e outros sete "em estudo".

Silva Tiago disse hoje que "um dos casos já foi despistado e até já teve alta hospitalar, e que os outros estão a ser avaliados para perceber qual é a correlação que existe entre as análises realizadas nos doentes e na empresa". "O senhor Director-Geral da Saúde deu-nos nota de que não há motivos para alarme e que as pessoas no concelho e fora dele poderão estar minimamente tranquilas e que não têm de fazer nada de adicional na sua vida quotidiana. Quanto eu sei, não há mais nenhuma fábrica a ser investigada", frisou.

Um estudo ambiental, que incluiu a colheita de água em vários locais da fábrica, confirmou a "presença de colonização por bactérias do género legionella" em torres de arrefecimento, referiu em comunicado a DGS. Para além destes dois casos, a DGS explicou que foram identificados mais seis casos de "doença dos legionários" que, de acordo com os inquéritos epidemiológicos, não podem ainda ser associados "à mesma fonte".

"Neste contexto, os laboratórios do Instituto Ricardo Jorge, quer da área clínica quer ambiental, encontraram bactérias da mesma espécie: legionella pneumophila, serogrupo 1 e, também, com o mesmo genótipo ST37 na água de uma das torres de arrefecimento e, até agora, apenas num doente internado com doença dos legionários que, entretanto, teve alta", sustentou.

E acrescentou: "continuam os trabalhos de investigação analítica no Instituto Ricardo Jorge, tendo em vista confirmar ou infirmar a associação causa e efeito em relação às bactérias de origem ambiental e à doença".

Fiscalização em curso

A DGS revelou que, na madrugada de 14 de Março, inspectores do Ambiente realizaram operações de fiscalização, ainda em curso, estando a ser tomadas todas as medidas adequadas à situação.

Em declarações terça-feira aos jornalistas, o presidente do conselho de administração da Sakthi Portugal admitiu a ocorrência em Novembro passado de um caso de "doença dos legionários" num colaborador da empresa e a detecção em Fevereiro daquela bactéria numa torre de refrigeração.

Desde então, assegurou, a empresa "reforçou" os procedimentos que já vinha cumprindo "há muito tempo" para "prevenir várias eventualidades", mas as análises efectuadas "por empresas acreditadas" às várias torres de refrigeração sempre se revelaram negativas, não tendo o caso sido reportado à DGS ou à Inspecção-Geral do Ambiente.

Instalada na Maia há 45 anos, a Sakthi Portugal opera na área da fundição de componentes para o sector do automóvel e é detida a 100% pela Sakthi Índia, empregando cerca de 520 trabalhadores e tendo uma facturação anual de 35 milhões de euros.

A doença, provocada pela bactéria legionella pneumophila, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

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