Cartas ao director
Exportar a geringonça
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Exportar a geringonça
Políticos estrangeiros mostram-se interessados em replicar a experiência da geringonça e já fizeram algumas tentativas de compreender o âmago da "construção" desta experiência claramente inovadora. Acho que o título de um romance de Jane Austen Sense and Sensibility - "Sensibilidade e Bom Senso" - constitui uma súmula do essencial que serviu de alicerce a um resoluções e práticas que atingiram os objectivos que se propunham.
Em primeiro plano houve sensibilidade social para definir nesta área os problemas essenciais: recuperar salários, reformas e direitos inalienáveis duramente atingidos pelas políticas troikianas, ou seja dos sectores mais vulneráveis da sociedade, e empreender as correcções essenciais com o máximo de eficácia permitida pela conjuntura extremamente adversa que se enfrentava Este conjunto de medidas exigiram para a sua definição e para a sua concretização, uma capacidade de bom senso político imprescindível à escolha e coordenação dos instrumentos económico-financeiros dentro da moldura do "espartilho europeu".
Mas onde a "genialidade" da fórmula se manifesta (e aí é de facto um monumento de bom senso) é na estrutura dos acordos estabelecidos entre os três partidos. O seu âmbito está estabelecido de forma estanque - nada que não esteja neles plasmado vincula minimamente qualquer dos parceiros. Os seus limites e âmbito são definidos "a régua e esquadro", tornando virtualmente impossível confrontos destrutivos do núcleo essencial. Não é uma coligação, nem um governo de três ou mais partidos. É de facto uma geringonça que conseguiu índices de comportamento da Economia bastante satisfatórios.
Ana Maria Mota, Porto
Delírios aeroportuários
A notícia vem gerando alguma controvérsia na imprensa, relacionada com a decisão de ser alterado o nome do aeroporto do Funchal para passar a ser “AEROPORTO CRISTIANO RONALDO”. Será em cerimónia pública oficial agendada para o próximo dia 28 de Março, com a participação do primeiro-ministro, António Costa, e Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República.
Para além do novo nome, pretender-se-ia que – pasme-se - também o Código da organização IATA, em vez de “FNC”, deveria passar a ser, nada mais, nada menos, do que “CR7”...!
Todo um tamanho devaneio, para dizer o mínimo, terá sido um produto da imaginação de uns quantos, que se permitem recorrer à comparação do incomparável, evocando a atribuição dos nomes de Sá Carneiro e de Humberto Delgado aos aeroportos de Pedras Rubras (Porto) e da Portela (Lisboa) – duas figuras públicas que contribuíram directa e decisivamente para os que hoje são dois importantes aeroportos de Portugal. E mais recentemente, já se antecipa também a atribuição do nome de Mário Soares para o novo aeroporto projectado para o Montijo, em complemento da Portela.
Será que os delírios aeroportuários ficam por aqui?
Francisco Leite Monteiro, Oeiras