As nossas cinco sugestões para sair do PÚBLICO (e depois voltar)

O que significa ser educado, o direito a usar as redes sociais, como compreender a mente de Warren Buffett, a arte da perda e o destino de Taiwan – estas são as propostas dos jornalistas do PÚBLICO para esta semana.

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Manifestante palestiniano perto de Ramallah, em Outubro de 2015 REUTERS/Mohamad Torokman

 

“A idade da indelicadeza”

The New York Times Magazine

 

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Frederico Batista, jornalista multimédia

Rachel Cusk estava na zona de controlo de passaportes de um aeroporto quando reparou na forma como um funcionário se dirigia aos passageiros: obsessivo, quase aos gritos. “Não precisa de ser indelicado”, disse-lhe. Ele abanou a cabeça: “Você é que é indelicada”. A escritora canadiana, radicada há décadas no Reino Unido, ficou desarmada. Teria sido mesmo ela a quebrar o código social? E quando contava a história a amigos, ficava com a sensação de que ninguém, nem ela própria, conseguia chegar à seriedade daquele momento. Este episódio é revelado por Cusk no artigo A era da indelicadeza, publicado na The New York Times Magazine nesta era pós-"Brexit" (pós-vitória de Trump, praticamente pós-ponderação...), em que as reacções extremadas se avolumam, como cóleras mal contidas em corpos crispados. A pergunta que percorre o artigo é esta: “À medida que o contrato social se desmorona, o que significa ser educado?”. Ler

Será o uso do Facebook um direito fundamental? 

Wired

 

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Abel Coentrão, jornalista do Local

Será o Facebook tão importante que uma decisão judicial que impeça uma pessoa de o utilizar, mesmo que enquadrada na defesa da segurança de terceiros, possa ser entendida como uma violação da liberdade de expressão consagrada na Constituição, como acontece nos Estados Unidos? Em plena terça-feira de Carnaval, conta a Wired, o Supremo Tribunal dos EUA foi chamado a julgar uma petição de um cidadão norte-americano que publicou em 2010 um post, celebrando o facto de se ter livrado de uma multa de trânsito. Ultrapassado um problema, Lester Packingham Jr meteu-se noutro, pois, condenado na Carolina do Norte por um crime de pedofilia em 2002 estava, segundo aquele Estado, a violar uma lei estadual que impede o acesso de agressores sexuais a sites e redes sociais nas quais possa ter contactos com crianças. O caso, que ainda não foi decidido, suscita um debate interessante sobre o que é, e para que servem, as redes, se hoje é possível, ou não, ser um cidadão de corpo inteiro sem acesso a elas e se não é demasiado restritiva uma lei que, por exemplo, impede alguém de aceder aos tweets do Presidente Trump. Ler

Dentro da mente (e da carteira) de Warren Buffett

The Wall Street Journal

 

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Victor Ferreira, editor online

Warren Buffett é um dos homens mais respeitados por quem segue o mundo dos negócios. Dono de um império financeiro que faz dele um dos mais ricos do mundo, Buffet escreve todos os anos uma carta aos accionistas da Berkshire Hathaway, a holding a partir da qual controla os seus negócios, que se estendem por áreas tão diferentes como o sector financeiro, indústria química, transportes ou tecnologia. Não deve haver carta tão antecipada, estudada, esmiuçada e comentada, pelo menos no mundo dos negócios, como estas. E a carta mais recente de Buffett, publicada no dia 25 de Fevereiro e com 29 páginas (aqui, em PDF e em inglês), não fugiu à regra. Mais uma vez, além de prestar contas, Buffett expõe a sua visão dos negócios, do capitalismo, da economia de mercado, dos Estados Unidos e, claro, dos seus investimentos e dos lucros (sempre fabulosos) que o universo Berkshire continua a somar. Mas este todo-poderoso da alta finança também se engana – e não é pouco. E em cada carta, como na última, tem sempre a humildade de lembrar os erros, quanto lhe custaram e o que aprendeu. Para quem gosta de gestão, é um documento que dá muitas pistas para a compreensão do que é hoje o mundo dos negócios. Cereja em cima do bolo para quem gostar do tema: está online o arquivo de todas as cartas de Buffett desde 1977. Sobre a última, o Wall Street Journal fez uma leitura exaustiva, por temas, em live blog durante quatro horas, e que ajudam a compreender uma das mentes mais marcantes do mundo empresarial contemporâneo. Ler

Uma história bem contada

New Yorker

 

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Lucinda Canelas, jornalista de Cultura

Podemos não ter qualquer inclinação para a poesia de Elizabeth Bishop, mas se gostamos de uma história bem contada, o artigo que Claudia Roth Pierpont assina no próximo número da New Yorker, partindo de uma nova biografia desta americana que era uma viajante incansável (Elizabeth Bishop: A Miracle for Breakfast, de Megan Marshall), vale certamente a pena. Nele se percebe como uma vida marcada por uma série de perdas, imensas, e por um amor brasileiro a quem todos chamavam Lota acabou por passar para a poesia que ela escreveu. Nem sempre se nota, é bem verdade, mas é essa vida que lá está. Ler

“O passado, o presente e o futuro de Taiwan”

Brookings Institution

 

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Ana Gomes Ferreira, editora de Mundo

Esta secção chama-se Já viu isto?, mas o que se propõe é um “vai ouvir isto?”. No dia 7 de Março, o centro de estudos asiáticos da Brookings Institution realiza, a meias com o Carnegie Endowment for International Peace, um debate sobre uma das regiões mais complexas do mundo, Taiwan. Há três anos, jovens universitários revoltaram-se contra a política de aproximação do governo em relação à China — foi a Revolta dos Girassóis. Em Janeiro de 2016, os eleitores rejeitaram o Presidente Ma, que conduzia esse processo de pacificação, e elegeram uma Presidente favorável à manutenção das distância, Tsai Ing-wen, que nunca escondeu que gostava de ver Taiwan tornar-se um país independente. As relações entre Taipé e Pequim deterioraram-se e o cenário piorou com a chegada de Donald Trump ao poder nos EUA — falou directamente com Tsai, reconhecendo-a como chefe de um Estado sobrano e questionou a política “Uma China”, que mantém Taiwan como um “país não país”. A conferência da Brookings/Carnegie pode ser seguida em directo e terá como principal interveniente Ma Ying-jeou, o Presidente contestado na Revolta dos Girassóis. A seguir à conferência, que tem dois moderadores, um especialista da Brookings e outro da Carnegie, há perguntas da assistência, que são sempre pertinentes e muito directas. Quem não puder seguir em directo, pode ouvir em diferido. Das 14h às 15h30 (hora local, das 19h às 20h30 em Portugal continental). Ouvir

Já viu isto?” é uma rubrica semanal com sugestões da redacção do PÚBLICO para trabalhos jornalísticos de outros media

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