Rui Vitória contra a ilusão dos maus resultados

Benfica defronta nesta terça-feira o Borussia Dortmund nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Jonas é uma incógnita e Luisão chega ao jogo 500 pelos “encarnados”.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Dizer que o Borussia Dortmund está a fazer uma época, no mínimo, irregular é uma evidência. Basta olhar para os seus últimos dez jogos, em que apenas venceu três (quatro, contando com o desempate por penáltis na Taça da Alemanha com o Hertha), sendo que neste último fim-de-semana perdeu com o Darmstad, último da Bundesliga. Mas também é uma evidência que o Borussia é o vice-campeão da Alemanha e chega aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões como o primeiro classificado de um grupo onde estava o Real Madrid (e o Sporting) sem qualquer derrota. E como isto é a Champions, Rui Vitória deixa o aviso: o Benfica tem de estar preparado para enfrentar hoje, na Luz, a melhor versão do Borussia.

Não há um melhor momento para enfrentar este rival, sustenta o técnico “encarnado”, e não é pelos maus resultados que se deve menosprezar a equipa alemã. “Não há alturas ideais quando temos pela frente um jogo da Liga dos Campeões. Tem uma exigência diferente dos jogos dos campeonatos. Todos nós temos de estar focados. O Dortmund tem uma dimensão europeia enorme e o Benfica vai estar pelo segundo ano consecutivo nos oitavos-de-final. Estarmos aqui é um motivo de satisfação, mas não é uma satisfação plena. Temos algo para conquistar. Queremos aproveitar muito bem esta competição extra que é a Liga dos Campeões”, alerta o técnico “encarnado”, a respeito do jogo da primeira mão.

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A principal dúvida de Rui Vitória para o embate com os alemães está na frente. Jonas não se treinou, mas foi à mesma convocado para o jogo — tal como o recém-contratado Pedro Pereira, resgatado no mercado de Inverno à Sampdoria. A utilização do avançado brasileiro será, no entanto, uma incógnita até à hora do jogo. “Está limitado, vamos ver se recupera”, limitou-se a dizer o técnico. Confirmando-se a indisponibilidade de Jonas, Jiménez ou Rafa poderão avançar para fazer dupla com Mitroglou.

Tendo, ou não, disponível um dos seus melhores jogadores, Rui Vitória quer um Benfica fiel à sua personalidade para defrontar o Borussia, uma “equipa forte, difícil e com um belíssimo poder ofensivo”: “Há características do adversário que temos de conhecer, reconhecer o mérito do adversário, que tem jogadores que causam perigo a qualquer equipa. Isso [do favoritismo] não interessa. Temos de controlar as virtudes do adversário e não abdicar da nossa forma de estar. A nossa personalidade não muda em função do contexto.”

Esta será a segunda vez que Benfica e Borussia se cruzam nas competições europeias. Antes desta eliminatória da Champions, os primeiros dois jogos aconteceram na longínqua época de 1963-64, numa eliminatória da Taça dos Campeões Europeus que seria favorável aos germânicos. Depois de um triunfo por 2-1 na Luz, com golos de Simões e Eusébio, os “encarnados” foram goleados na Alemanha por 5-0. Para o Dortmund, esta será a terceira vez que defronta equipas portuguesas nas duas últimas temporadas, depois de ter encontrado o FC Porto na Liga Europa em 2015-16 — duas vitórias nos 16 avos-de-final — e dos dois confrontos na fase de grupos da Champions 2016-17 com o Sporting, que foram também duas vitórias.

Luisão, o senhor 500

O jogo de hoje vai, quase de certeza, marcar o 500.º jogo de Luisão ao serviço do Benfica. A cumprir a 14.ª temporada ao serviço dos “encarnados” (chegou em 2003-04 e estreou-se frente ao Belenenses com um golo), o central brasileiro de 36 anos já é o quarto jogador com mais jogos pelo Benfica, atrás de Nené (578), Veloso (534) e Coluna (528).

Rui Vitória diz que é “um orgulho” ser treinador do veterano central brasileiro, que se vai mantendo quase inamovível no eixo da defesa benfiquista e com a braçadeira de capitão: “Uma vitória seria uma boa prenda para ele e para o Benfica. Se fizesse um golo, seria a cereja no topo do bolo. É um orgulho ser o treinador dele. Em Portugal, não haverá nos próximos anos alguém que faça isto. O Luisão tem tido um rendimento fantástico em 14 anos.”     

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