Câmara de Lisboa realoja morador que vive em barracão no terreno da nova Feira Popular
A água utilizada pelo homem é aquela que é "cedida para cultivo" das hortas do Bairro Padre Cruz.
A Câmara de Lisboa quer realojar um homem de 54 anos que vive, de forma precária, num barracão sem luz e sem água no local onde vai nascer a nova Feira Popular, na freguesia de Carnide.
De acordo com a proposta que vai ser debatida na quinta-feira, em reunião privada do executivo, no terreno para onde se projecta a nova feira "existe uma ocupação precária, por parte de um senhor que aí vive sozinho, num barracão sem luz" e sem água.
A água utilizada pelo homem é aquela que é "cedida para cultivo" das hortas do Bairro Padre Cruz, especifica o documento a que a agência Lusa teve acesso, assinado pelos vereadores Manuel Salgado (Urbanismo), José Sá Fernandes (Estrutura Verde) e Paula Marques (Habitação).
Os autarcas explicam que em causa está um homem de 54 anos que, "após uma situação de desemprego, ficou desprovido de recursos económicos, aguardando actualmente a atribuição do Rendimento Social de Inserção", e acrescentam que o morador apenas tem subsistido devido ao apoio de familiares.
Na proposta, os vereadores da maioria socialista (que inclui os movimentos Cidadãos por Lisboa e Lisboa é Muita Gente) apontam que a criação da nova Feira Popular no local torna "absolutamente necessário proceder à demolição do referido barracão, libertando o local da ocupação precária, e permitindo assim completar o projecto em causa".
"É necessário, ainda, acautelar o realojamento do ocupante em causa que, na sequência da intervenção no local, ficará numa situação vulnerável com a perda da habitação", salientam.
A Feira Popular de Lisboa foi criada em 1943 para financiar férias de crianças carenciadas e, mais tarde, passou a financiar toda a acção social da fundação O Século.
Antes de Entrecampos, onde fechou em 2003, a feira funcionou em Palhavã.
No final de 2015, mais de 12 anos depois do encerramento, a autarquia anunciou que a Feira Popular iria voltar, inserida num parque urbano de quase 20 hectares em Carnide, confrontado a sul com a estação do Metropolitano da Pontinha e a norte com o Bairro Padre Cruz.
Os vereadores Manuel Salgado, José Sá Fernandes e Paula Marques adiantam na proposta que "o terreno existente (...) forma uma faixa longitudinal de largura irregular orientada no sentido nordeste-sudoeste, caracterizada por uma topografia com pendentes suaves, sendo que a zona mais a sudoeste se apresenta como a zona com melhor aproveitamento para a implantação das áreas principais do parque de diversões".
O resto do terreno será destinado ao parque verde.
De acordo com a proposta, o objectivo do município é que "a nova Feira Popular de Lisboa, em estreita articulação com o Parque Verde que a envolverá, seja objecto de fruição pelo maior número possível de visitantes e vá ao encontro das expectativas dos mesmos, mormente dos lisboetas e daqueles que residem na grande área de Lisboa, seus principais potenciais utilizadores e que, de uma forma geral, há muito anseiam pela existência de um equipamento deste género".