As jóias do clássico

Mais do que promessas, André Silva e Gelson Martins são certezas no FC Porto e Sporting. Dois diamantes em lapidação da formação portuguesa que têm sobre si os holofotes internacionais

André Silva é o segundo melhor marcador do campeonato, apenas superado pelo "leão" Bas Dost
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André Silva é o segundo melhor marcador do campeonato, apenas superado pelo "leão" Bas Dost LUSA/ANTONIO COTRIM;ANTÓNIO COTRIM
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Gelson Martins é o rei das assistências na I Liga Nuno Ferreira Santos

Têm apenas 21 anos, mas são já estrelas mais brilhantes nas respectivas equipas. Terão sobre si muitos dos holofotes do clássico de sábado no Dragão. André Silva tem confirmado que pode ser o ponta-de-lança que há muito não despontava no futebol português e muitos já o comparam ao “bibota” Fernando Gomes, o terror das balizas nos anos de 1970 e 1980; Gelson Martins retoma a tradição de extremos que o emblema “leonino” tem sido pródigo em “fabricar” nas últimas décadas, na senda de nomes consagrados como Futre, Figo, Cristiano Ronaldo, Quaresma ou Nani.

Apesar da tenra idade, os grandes jogos não são uma novidade para estas duas pérolas da formação. André Silva estreou-se pela equipa principal do FC Porto no campeonato, no clássico de Alvalade entre os dois oponentes desta noite, na temporada passada, a 2 de Janeiro de 2016. Entrou aos 71’ para o lugar de Aboubakar, mas foi impotente para impedir a derrota, por 2-0, da sua equipa, numa partida em que Islam Slimani bisou e foi a figura do encontro. Gelson entrou nove minutos antes, a tempo de festejar com os seus.

Já esta época, voltaram a defrontar-se no Estádio José Alvalade, na primeira volta da Liga, mas desta vez como titulares indiscutíveis. O Sporting voltou a vencer, agora por 2-1, com Gelson Martins, a apontar o segundo da sua equipa, aos 26’. Voltam amanhã a encontrar-se em campos opostos no Dragão, mas, tudo indica, que será inevitável partilharem o mesmo lado da barricada, ao serviço da selecção nacional, onde já começaram a marcar presença, na lógica de renovação conduzida por Fernando Santos.

Nascido na Praia, em Cabo Verde, Gelson Martins foi recrutado pelos juniores do Sporting em 2010-11. Em Agosto de 2014 estreou-se como profissional na equipa B, antes de ser chamado ao plantel principal um ano depois. Veloz, criativo, com drible imprevisível  e desequilibrador, o extremo tem sido muitas vezes comparado a Luís Figo, nomeadamente pela imprensa espanhola. Falta-lhe ainda alguma serenidade no remate final, mas está também a melhorar neste particular, como se viu no grande golo que apontou, na última jornada, ao Paços de Ferreira.

A saída de João Mário para o Inter de Milão escancarou-lhe as portas da titularidade, que agarrou com determinação, tornando-se um dos imprescindíveis de Jorge Jesus. Já assinou cinco golos, mas é no capítulo das assistências que mais se tem destacado, somando oito para golos dos seus companheiros, que o tornam líder deste ranking em Portugal.

Com menos seis meses do que o diamante da formação sportinguista, André Silva, é natural da freguesia de Gondomar. Antes de o FC Porto o recrutar ao Padroense (embora tenha crescido para o futebol nas escolas do Salgueiros), o agora ponta-de-lança jogava a extremo e mesmo como número 10, o que lhe valeu a alcunha de “Deco”, em referência ao internacional português de origem brasileira. As suas características muito especiais colocaram-no no papel de matador, algo que tem vindo a confirmar esta temporada.

Leva 17 golos e duas assistências em todas as competições, desde o início da época e o seu nome começa a estar na lista de prioridades de alguns colossos europeus. Para já, os “dragões” investiram para o manter no plantel, onde é o melhor marcador da equipa e o segundo na tabela do campeonato, com 12 golos, a quatro do “leão” holandês Bas Dost.

Num clássico fundamental para FC Porto e Sporting, as esperanças dos respectivos treinadores residem muito nesta nova geração de talentos que resolve jogos. Dos raros que ainda persistem nas competições nacionais.

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