A morte de Mário Soares pelo mundo

“Pai da democracia" e do Portugal contemporâneo: é assim que a maioria da imprensa internacional descreve Mário Soares. A morte do antigo Presidente da República faz manchete em Espanha e é ainda notícia em França, Alemanha, Reino Unido, EUA e Brasil.

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Espanha

O desaparecimento de Soares faz, neste momento, manchete nas edições online de todos os principais títulos de Espanha.

O El Pais recorda o “pai do Portugal contemporâneo”, mencionando a luta do fundador do Partido Socialista contra o regime de Salazar e, mais tarde, contra a ameaça das “forças comunistas” no rescaldo do 25 de Abril.

“Pai da democracia portuguesa” é também a forma como o El Mundo descreve Soares. E é também a denominação mais utilizada pela imprensa internacional. O jornal espanhol destaca igualmente o percurso político do antigo Presidente da República e primeiro-ministro, nomeadamente a resistência à ditadura e a luta que se seguiu à Revolução dos Cravos.

Continuando no país vizinho, o El Español compara os “paralelismos” entre a vida política de Soares e do socialista espanhol Felipe González: “Ambos militaram no socialismo, lutaram contra a ditadura na clandestinidade, foram decisivos na transição para a democracia, assumiram o controlo da esquerda em detrimento dos comunistas, combateram no Governo o atraso dos seus países, colocaram a Península Ibérica na Europa e foram incómodos como ex-Presidentes pelas suas contínuas ingerências".

França

Em França, o Libération fala também de um dos “pais da democracia portuguesa” para descrever a defesa da Europa e a forma como Mário Soares dirigiu com “mão firme a passagem de Portugal para um regime de Estado”. O texto é assinado pelo director do jornal.

O Les Echos recorda “um dos fundadores da democracia” em Portugal, e uma “figura incontornável da vida política portuguesa do séc. XX” e um dos “principais artífices da chegada da democracia a Portugal e da integração europeia”.

A estação televisiva France 24 recorda o percurso de Mário Soares que era “conhecido pelos seus discursos brilhantes e contacto próximo com o público”. A estação lembra ainda que o antigo governante “era um ávido leitor com um carinho pela boa vida” e que foi apelidado, “pela oposição de direita”, de “bochechas rechonchudas”.

O Le Figaro noticia, com um artigo da agência AFP, a morte de Mário Soares destacando os três dias de luto nacional decretado em Portugal.

Com um vídeo, o Le Monde recorda Mário Soares e a vida política do “reformista que, desde o início, defendeu uma democracia orientada para a Europa”.

Itália

Em Itália o jornal La Reppublica diz que “Portugal está de luto” com a morte de Mário Soares, “fundador da democracia depois da Revolução dos Cravos”.

Reino Unido e EUA

No Reino Unido a BBC afirma que "o pai da democracia" portuguesa desempenhou "um papel chave" no período que se seguiu à revolução do 25 de Abril.

Num obituário assinado pelo seu correspondente em Lisboa, Peter Wise, o diário britânico Financial Times fala do político "que guiou Portugal do autoritarismo para a democracia", conhecido pelo seu "irreprimível bom humor e entusiasmo pela vida" e que "ajudou os portugueses a recuperar a confiança perdida depois de mais de meio século de uma ditadura miserável".

Nos EUA são vários os jornais, estações televisivas e agências que lembram o político português. O The Washington Post utiliza parte do artigo da Associated Press para dizer que Soares "cresceu como um homem de Estado com o seu trabalho no movimento da Internacional Socialista".

Outro dos principais jornais americanos, neste caso o The New York Times, publica um longo obituário onde destaca a luta contra a ditadura, o papel na transição para a democracia, a posição contra a guerra colonial e a integração europeia. O diário norte-americano recorda ainda uma afirmação do antigo Presidente da República em 1986: "Há vitórias e derrotas na política, e o que é necessário é manter as suas convicções, para continuar a lutar".

O The Wall Street Journal diz que "o socialista era largamente admirado pela sua tenacidade e pelo seu exuberante optimismo". 

Alemanha

A morte do "pai da democracia portuguesa" foi largamente noticiada na imprensa alemã online, da revista Der Spiegel, do Frankfurter Allgemeine Zeitung, do Süddeutsche Zeitung ou até do tablóide Bild. A revista Der Spiegel lembra que o europeísta não deixou, mesmo no fim da vida, de ser um atento observador da União Europeia - e até crítico. Também em alemão, a morte de Soares foi notícia nos austríacos Die Presse e Der Standard. 

Brasil

A edição online do jornal brasileiro O Globo fez da morte de Mário Soares a sua manchete, que é acompanhada por uma fotogaleria e uma cronologia dos momentos mais marcantes da vida do socialista português, bem como uma reposição de artigos do acervo do jornal sobre a revolução portuguesa.

Os outros dois grandes jornais nacionais, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, destacam a morte de Mário Soares nas suas edições. "Considerado o pai da democracia em Portugal, esteve na vanguarda da política por quarenta anos", escreve o Estadão. Já a Folha assinala a "figura controversa" de Soares, frequentemente criticado pela forma como "lidou com o processo de desmonte da colonização portuguesa e como tratou do retorno de quase 500 mil cidadãos, parte deles restabelecidos precariamente".

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