Serenatas e filmes de Debbie Reynolds, ingénua da era de ouro de Hollywood

Preferia a comédia e a música ao drama e o seu papel mais conhecido foi o de Kathy em Serenata à chuva. Nos anos 1950, se a América via as mulheres de uma forma, era aquela que Reynolds encarnava. Alguns filmes — e a voz — da actriz.

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Debbie Reynolds, estrela dos anos 1950 do cinema americano, fez a sua grande entrada em Hollywood num filme sobre Hollywood. Serenata à chuva, um dos melhores musicais de sempre, colocou-a no meio de dois heróis do musical e da comédia norte-americana e, em parte, na sua eterna posição no cinema americano.

A sua Kathy Selden, rosto luminoso e voz feliz, marca o filme, que é sobre a passagem do cinema mudo para o sonoro com todas as agruras das heroínas e os fingimentos da indústria. Adorava cantar e adorava a comédia — “o drama é infeliz e interpretar alguém infeliz far-me-ia infeliz", disse ao Boston Globe em 1990. 

O papel de "ingénue" do cinema americano era também alimentado pelos filmes mais sentimentais. A flor do pântano, de 1957, é outro filme de Reynolds que a tornou amada pelo público americano.

A história de Debbie Reynolds escreveu-se também em torno da família cinematográfica que construiria, mesclada com a sua carreira. Em 1956 era lançado Vem a meus braços, o filme em que contracena com o seu marido, o cantor Eddie Fisher, com quem se casara um ano antes, e pai dos seus dois futuros filhos, Todd e Carrie. O casamento duraria apenas dois anos e marcaria parte da história pública da família, terminando com Fisher a casar-se repentinamente com Elizabeth Taylor.

Muitos dos seus papéis — e filmou com Blake Edwards, Vincente Minnelli ou John Ford — reflectem, como escreve o New York Times, em parte a atitude dos EUA para com as relações amorosas, a família e, claro, as mulheres. A partir da década de 1960, os filme românticos integram títulos como Quando o divórcio bate à porta ou Como se divorciam os americanos. O filme de 1964 Os milhões de Molly Brown, em que é uma jovem que procura uma vida melhor, dar-lhe-ia a sua primeira e única nomeação para o Óscar de Melhor Actriz.

Muitas comédias românticas e poucos dramas compõem a sua carreira. A conquista do Oeste, de John Ford, o filme com um sem número de estrelas, é um deles.

Nos mais de 30 títulos que integram a sua carreira, há algumas passagens pela televisão — além de várias participações teatrais. No final dos anos 1960 teve uma série televisiva, The Debbie Reynolds Show, e décadas mais tarde, depois de a sua relação tumultuosa com a filha, Carrie, ter sido não só plasmada em livro e no cinema com Postcards from the Edge e Recordações de Hollywood, respectivamente, voltaria ao pequeno ecrã na série Will and Grace, em que foi nomeada para um Emmy, além de ter entrado em Delírio em Las Vegas, com Johnny Depp, e Dentro e fora, com Kevin Kline.

Além de fazer vozes para Family Guy, como a filha, Reynolds continuava a actuar e acedera participar no documentário Bright lights com e sobre a sua relação com a filha, apresentado este ano em Cannes. Um dos seus últimos papéis mais visíveis foi a de mãe de Liberace em Por detrás do candelabro, o filme para a HBO com Michael Douglas e Matt Damon. Há três anos, dera uma entrevista a Alec Baldwin em que passou em revista a sua carreira.

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