Há cada vez mais sítios onde pôr os patins no Natal: a febre das pistas de gelo

Este ano há pistas de gelo montadas em vários pontos do país para que profissionais, amantes ou principiantes na actividade não tenham desculpa para não calçarem os patins.

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PAULO PIMENTA

Há pouco menos de 20 anos, a relação dos portugueses com a patinagem no gelo era quase inexistente. O desporto para uns e passatempo para outros era algo típico dos países do norte da Europa e da América, uma realidade com a qual apenas se tinha contacto pela televisão. As temperaturas amenas do país não permitem que lagos e rios congelem ao ponto de se poder patinar neles e também não são abundantes os locais onde neva. Mas, nas últimas duas décadas, deu-se a volta ao clima e multiplicaram-se as pistas de gelo. Uma nova paixão nacional floresceu.

A primeira pista ao ar livre e para lazer foi montada na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, em 2004, inaugurada por Santana Lopes, então presidente da Câmara. Antes disso, já havia a pista coberta no Palácio do Gelo, em Viseu. Mas nos últimos tempos a “moda” espalhou-se aos quatro cantos do país e agora a oferta é tão vasta que serão poucos os que se podem queixar de não ter nenhuma pista perto de casa.

Este ano, a moda repete-se e amplia-se: há pistas, naturais e de piso sintético, montadas de norte a sul do país. Entre as principais contam-se, no Norte, as de Anadia, Boticas, Paredes, Gondomar, Felgueiras, Vila de Conde, Guimarães, Mogadouro, Ermesinde, Valpaços, Braga Retail Center, Ovar, Vila Nova de Famalicão, Santa Maria da Feira ou ainda a de Viseu. O Porto tem uma na Praça Mouzinho de Albuquerque (Rotunda da Boavista) e outra na Praça da Batalha. Na região Centro há pistas em Montemor-o-Velho e na Vila Natal de Óbidos, e o Alentejo continua a contar com aquela que era (até há dois anos) a maior do país, em Elvas, que desta vez está acompanhada das de Castelo de Vide e de Almodôvar. No Algarve há pistas em Loulé e no Forum Algarve (Faro). Em Machico, na Madeira, também há uma, no Mega Luna Park. Já na região de Lisboa há várias, como a do Dolce Vita Tejo ou a do Forum Montijo, mas uma destaca-se este ano: a do mercado de Natal Wonderland Lisboa, apoiado pela Câmara de Lisboa, produzido pela TVI em parceria com a NIU e patrocinado pelos Jogos Santa Casa. A pista artificial é uma das principais atracções do espaço e veio destronar a de Elvas como a maior do país, já que ambas têm 800 metros quadrados. O ano passado, a pista montada no Terreiro do Paço foi considerada a maior da Península Ibérica: tinha 1000 metros quadrados.

Quanto ao investimento neste género de atracções, através do portal Base é possível averiguar que, ao todo e nos dados lá apresentados para algumas pistas, o valor já ultrapassa os 487 mil euros. A mais cara noé a da Anadia, cujo orçamento foi de 73 mil e 500 euros.

Para a Pluri-Ice, uma das empresas no sector do aluguer, montagem e manutenção de pistas e rampas de gelo, esta é a época alta do negócio. "O ano passado já foi bom, mas este ano superou. No global do grupo, esta é uma época forte, com uma boa percentagem da receita global", afirmou Nelson Moreira, director criativo. "Tivemos uma fase em que não tivemos tantos pedidos, durante os anos da crise, mas nos últimos dois anos a procura tem vindo a crescer", sendo as Câmaras Municipais os maiores clientes. "Uma pista de 200 metros quadrados pode ir até aos 35 mil euros por mês. Já a de gelo artificial pode ir aos oito ou dez mil euros", explicou Nelson Moreira, advertindo, contudo, que em 2011 e 2012 os valores eram muito superiores. "Mas começou a haver maior concorrência e os preços desceram".

Uma pista permanente e outra que atrai muitos estrangeiros

Apesar de este ano já não ser a maior do país, a pista de Elvas continua a ser um pólo de atracção local, principalmente para alentejanos e espanhóis. “75% dos visitantes são espanhóis, porque estamos a cinco minutos de Badajoz e dá-lhes muito jeito virem patinar à nossa pista”, contou fonte da Câmara Municipal de Elvas. “Mas também recebemos portugueses de muitos lados, não só cá do Alentejo. Há cada vez mais pessoas a virem de Lisboa e do Porto para patinarem connosco”. Também Nuno Miguel Fernandes Mocinha, presidente da autarquia, reconhece na pista, montada pela primeira vez em 2008, “um êxito”: “Vai na sua nona edição e tem sido uma aposta ganha, com a atracção de dezenas de milhares de pessoas por época, e com mais de 430 mil patinadores desde a sua primeira edição, sendo assim um pólo dinamizador da economia local". O município aposta na sua promoção em toda a região que o rodeia, em especial na Extremadura espanhola, e adequa também os horários da pista, sobretudo nas férias e épocas festivas.

Outro caso que se destaca, que pela sua antiguidade, quer por estar aberta todo o ano é a pista do Palácio do Gelo de Viseu. Abriu pela primeira vez há 20 anos mas, em 2008, quando o centro comercial foi remodelado, ficou mais pequena. Actualmente tem 600 metros quadrados e está aberta todos os dias para permitir a profissionais, amadores e apaixonados dos patins a oportunidade de praticarem a modalidade em todas as estações. “Temos bastante afluência durante o ano todo, mas principalmente agora no Natal e depois no Verão, época das férias grandes”, avançou fonte da gerência da pista, que referiu também que a média de visitantes diários se encontra entre os 150 e 200, mas que na época alta sobe para 400 a 500. “E no Verão temos muitas pessoas que vêm de outras cidades do país para experimentar e também muitos emigrantes que praticam a patinagem no gelo em França, na Suíça e noutros lugares, e aproveitam para vir patinar connosco quando cá estão de férias”.

Texto editado por Ana Fernandes

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