O filme mais decorativo do ano
Cinema de berloques e ornamentos que não tem nada para investir em termos narrativos: Amor Eterno.
A memória de há vinte anos conserva uma lembrança simpática do filme O Odor da Papaia Verde (bonito e com um toque de “herdeiro de Ozu”), que revelou o franco-vietnamita Tran Anh Hung.
Ou estávamos muito enganados então (o que é provável) ou Tran Anh Hung descompôs-se de maneira quase embaraçosa.
É que Amor Eterno, com a sua imaculada reconstituição de época(s) apoiada nas cores e iluminação, perfeitinhas e enjoativas, de Mark Lee Ping Bin, merecia o prémio de filme mais decorativo do ano, expressão de um cinema de berloques e ornamentos que não tem nada para investir em termos narrativos (ou outros), antes desbobina a sua história familiar transgeracional numa sucessão de quadrinhos muito beatos e muitos delicodoces, e se compraz na observação de algumas das actrizes mais desenxabidas do actual panorama francês (Audrey Tautou, Berenice Bejo, Irene Jacob…). São duas horas dum bocejo que parece, de facto, uma eternidade.