“Sessões descontraídas” levam cultura mais inclusiva ao Norte

Projecto "pioneiro" quer ajudar a incluir famílias com crianças pequenas, pessoas com autismo, défice de atenção ou com deficiência intelectual nas actividades culturais

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Nelson Garrido

A Acesso Cultura conta estender no próximo ano as "sessões descontraídas" ao Norte dado o "crescente interesse que os agentes culturais nortenhos têm revelado pela área das acessibilidades", indicou uma das responsáveis da associação. "Sessões descontraídas" é um projecto "pioneiro" que quer ajudar a incluir famílias com crianças pequenas, pessoas com autismo, défice de atenção ou com deficiência intelectual nas actividades culturais, proporciono-lhes a possibilidade de assistirem às peças de teatro, por exemplo, com regras mais tolerantes.

Em declarações à agência Lusa, a vice-presidente da Acesso Cultura, Inês Rodrigues, que é também uma das principais impulsionadoras do trabalho desta associação no Norte do país, indicou que após uma reunião em Novembro ficou alinhavada a ideia de realizar "sessões descontraídas" em 2017 em espaços culturais, nomeadamente teatros nortenhos.

"Trabalha-se a luz, o som, bem como outros requisitos técnicos que permitem que crianças ou pessoas com alguma dificuldade intelectual possam aproveitar o momento cultural, consigam estar na sala sem ficarem perturbadas. Foi interessante perceber o interesse que o tema teve e também o Norte quer avançar", disse Inês Rodrigues.

A reunião juntou no Porto responsáveis de várias instituições como da PELE - Espaço de Contacto Social e Cultural, Rivoli, Teatro Nacional São João (TNSJ), Theatro Circo, Oficina Guimarães, Teatro Viriato, Balleteatro, Casa da Música e Teatro do Bolhão. Este projecto envolve também técnicos e especialistas de instituições ligadas à deficiência como da Associação de Autismo ou da Pais em Rede que "ajudam a perceber os cuidados necessários para que as pessoas com necessidades usufruam das sessões".

Um dos "grandes objectivos" da Acesso Cultura é capacitar os profissionais da cultura com ferramentas que permitam tornar o seu trabalho mais inclusivo e, em jeito de balanço da actividade desta associação a Norte, Inês Rodrigues contou que os cursos de formação juntaram 144 pessoas em 2016, 151 em 2015 e 92 em 2014. As pessoas são oriundas de mais de três dezenas de concelhos dos vários distritos do Norte e as acções de formação são realizadas através de parceiras com várias entidades.

"O impacto tem sido muito grande, logo a actividade maior. Fazemos mais formações e temos debates com mais participantes. Noto que as pessoas estão mais preocupadas: já falam em audiodescrição, língua gestual portuguesa, acessibilidade física. Sensibilizar os profissionais para a questão do acesso à cultura é muito importante e já existe reflexo deste trabalho", descreveu Inês Rodrigues.

Este ano, a Acesso Cultura realizou quatro debates no Porto, sempre em espaços culturais diferentes, tendo abordado temas relacionados com os refugiados, poesia para todos, a questão do acesso às artes e o elitismo. A responsável também destacou o facto de pela primeira vez se terem realizado formações em Bragança e Vila Nova de Famalicão que esgotaram. Nota também para a parceria com a Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas ou para o trabalho com o TNSJ que acolheu formações sobre "Acessibilidade: uma visão integrada", estando prevista uma nova sessão no início de 2017 sobre "Atendimento a pessoas com deficiência visual e pessoas surdas".

A Acesso Cultura promove anualmente um prémio, sendo que na edição de 2016 a vertente do galardão reservada à "Acessibilidade Social" premiou o projecto "Comédias do Minho", em ex-aequo com outro premiado. A zona Norte também teve representados nas menções honrosas atribuídas pela associação como o D´Orfeu Associação Cultural, Projecto opÁ! - Orquestra de Percussão de Águeda, a Fundação Serralves e Associação Laredo, projecto Serralves em Língua Gestual Portuguesa e, por fim, Há Festa no Campo - Aldeias Artísticas.

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