No círculo de Pablo Escobar

Um tema clássico, o do infiltrado numa organização inimiga a fazer-se passar por quem não é, amontoado de clichés: Infiltrado

O filme parece um balão que está sempre a encher para logo a seguir se esvaziar e encher mais uma vez
Fotogaleria
O filme parece um balão que está sempre a encher para logo a seguir se esvaziar e encher mais uma vez
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria

Um tema clássico, o do infiltrado numa organização inimiga a fazer-se passar por quem não é, extraído a uma base autêntica, as memórias de um operacional americano que nos anos 80 se conseguiu imiscuir no círculo de Pablo Escobar. O carácter episódico do argumento, construído como uma colecção de histórias de tensão vividas pelo protagonista (Bryan Cranston, a capitalizar no cinema a fama ganha no Breaking Bad da televisão), não ajuda muito — o filme parece um balão que está sempre a encher para logo a seguir se esvaziar e encher mais uma vez, até que tanto enchimento e esvaziamento se tornem previsíveis e indiferentes.

Mas o que desaponta mais é o amontoado de clichés, quer os referentes ao mundo da droga latino-americano (os bares manhosos, a música xunga), quer os que representam a “rectaguarda” do protagonista, o seu ambiente familiar — e isto precisava de ter uma espessura que se visse, porque a questão (também “clássica”) do conflito interior do protagonista, a sua progressiva atracção pelo “mal”, vai-se desenhando como centro narrativo. Mas é essa tensão psicológica que o filme é incapaz de materializar, reduzindo-a a simples notações simplistas e ilustrativas, como se precisasse dizer ao espectador que agora este homem está a sentir isto e um bocadinho mais à frente que está a sentir aquilo.

O que resulta num filme que esvoaça, mas nunca pousa e ainda menos mergulha decididamente no que quer que seja.

Sugerir correcção
Comentar