Goleada e ascensão portista no voo picado de Ícaro

Penálti e expulsão de Ícaro determinantes, com André Silva a bisar e a ficar a um golo da liderança dos melhores marcadores.

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Francisco Leong/AFP

Nova goleada do FC Porto, que teve em Santa Maria da Feira, em circunstâncias especiais, um dos testes mais fáceis de resolver no campeonato, repetindo o resultado mais robusto da época, na Liga, que o colocou na vice-liderança. Aliás, desde o 0-4 da Choupana, que os “dragões” não marcavam qualquer golo fora de casa para a competição, “maldição” afastada por André Silva (4’ e 66’), Brahimi (33’) e Felipe (50’), autores dos golos portistas frente a um Feirense que não vence há praticamente três meses para a Liga (nos últimos oito jogos somou dois pontos).

A equipa de José Mota comprometeu seriamente, logo ao terceiro minuto, qualquer tipo de possibilidade, por remota que pudesse parecer, de vir a alcançar algo de positivo neste embate com um “dragão” revigorado, a emergir em força de uma crise de identidade que parece cada vez mais superada. Ícaro, que curiosamente até dispôs da primeira oportunidade de perigo da partida, foi vítima e vilão, acabando expulso no lance seguinte. O central não resistiu à tentação de parar André Silva, isolado por um passe vertical de Óliver, a esventrar a defesa feirense, e foi duplamente penalizado — com penálti e expulsão. O árbitro exibiu o cartão vermelho, para, mais à frente, perdoar uma entrada violenta de Kakuba sobre Corona, que sancionou com um simples amarelo.

Mas, apesar deste soco violentíssimo, o Feirense não se vergou. José Mota ajustou a equipa, com Ricardo Dias a recuar para o eixo da defesa e Tiago Silva a redobrar a atenção no meio-campo, sem passar de imediato a uma estratégia de defender a todo o custo com o recuo de todas as unidades.

Audácia que beneficiou, refira-se, de alguma complacência portista, que não forçou o segundo golo, adiando o golpe de misericórdia que haveria de chegar pelas mãos de Brahimi. O Feirense aproveitou a gentileza e foi à procura de um “tiro no escuro”, que só não surgiu no remate de Tiago Silva, ao minuto 18, porque a bola bateu no poste e ressaltou para fora. Confirmava-se a teoria de Nuno Espírito Santo... ficando a ideia de que o Feirense poderá precisar urgentemente de uma galinha preta, especialmente depois de o ferro ter voltado a negar, no último minuto, o golo de honra a Platiny.

No meio desta história, destaque para André Silva, que assinou o nono golo no campeonato, o 14.º em todas as competições, cinco dos quais de penálti. Também Brahimi parece finalmente reabilitado, tendo assinado mais um golo (o segundo consecutivo), na sequência de um lançamento lateral.

Com a segunda parte e o desgaste acumulado, acentuaram-se as dificuldades do Feirense, que acabou por não resistir à primeira investida dos centrais portistas na marcação de um canto. Felipe (50’) desviou ao primeiro poste e Marcano confirmou o terceiro dos portistas já com a bola dentro da baliza. O espanhol confirmaria também que o golo era do brasileiro, pormenor irrelevante face ao peso de um golo que consumava, ali mesmo, uma vitória que já não escaparia ao “dragão”.

Nuno Espírito Santo confirmou-o dando início à gestão do plantel, poupando Óliver, Corona e André Silva e dando minutos a André André, Herrera e Rui Pedro. Antes, porém, André Silva confirmaria, de cabeça, o segundo golo da conta pessoal.

O Feirense caía de pé, com o guarda-redes Vaná a negar, com uma defesa milagrosa, o 5-0, a Diogo Jota, e a barra de Casillas a castigar os homens de José Mota, que mantiveram, apesar de todas as contingências, uma postura digna e combativa até ao fim.

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