O Black Friday existe ou é antes um Black Fraude?

Com origem nos Estados Unidos da América o Black Friday ocorre na sexta-feira seguinte ao dia de Ação de Graças e é aproveitado pelo comércio para aumentar consideravelmente a sua faturação através da conceção de descontos, que muitas vezes são significativos. Ainda naquele país o Black Friday, coincide com a abertura oficial da época de vendas de Natal.

Como uma autentica cópia do que acontece nos Estados Unidos, recentemente outros países estão a importar o conceito. Portugal é um desses países.

No nosso país o Black Friday obteve a adesão massiva de muitos comerciantes. O problema é que os portugueses têm uma imaginação muito fértil para desvirtuar a génese do conceito e procurar encontrar formas de obter vantagens, muitas vezes indevidas com as situações.

Os consumidores, na posse de informações incompletas e numa tentativa de comprar os produtos que por vezes tanto anseiam ou necessitam e com descontos significativos (que chegam a ultrapassar os 50%), já aderiram em massa a este dia e aí concentram muitas das suas compras anuais, chegando a fazer autênticas “romarias” nas grandes superfícies comerciais.

Até aqui tudo perfeitamente normal e legítimo, caso não existisse uma forte suspeita de que muitas vezes não é isso que acontece na realidade. Existe por parte de um número crescente de consumidores a consciência de que o Black Friday em muitos casos não passa de um claro embuste.

Essa parcela significativa da população está convencida que nos dias e semanas anteriores ao Black Friday, os preços são artificialmente inflacionados com o objetivo de apresentar aos potenciais compradores descontos elevados e atrativos, conseguindo com isso atrair um elevado número de consumidores, numa clara tentativa de procurar influenciar o processo de decisão de compra. Para estes consumidores, algumas empresas aproveitam-se da onda instalada e acabam por tirar partido dessa situação sendo estes vitimas de fraude, não se apercebendo sequer que foram enganados.

Perante os descontos apresentados, o consumidor é tentado a comprar os produtos, ficando ainda com a sensação de que efetuou uma excelente compra, numa oportunidade única e irrepetível e a um preço nunca visto. Mas será realmente assim? Não existirá aqui uma potencial situação de fraude contra o consumidor? Pelo menos a suspeita está instalada.

Felizmente que a Deco lançou recentemente um site onde existe a possibilidade de testar o preço que é apresentado ao consumidor, pela comparação com os preços desse produto em diversos sites nos 30 dias anteriores, sendo depois apresentadas as conclusões sobre as reais vantagens ou não do preço que pretendemos testar. Apesar de não se conseguir testar todos os produtos, sem dúvida que já é um avanço na tentativa de esclarecer os consumidores e alertar estes para potenciais fraudes que possam estar a ser vítimas por parte de empresas menos honestas.

Mas na verdade, muitos consumidores ainda não tomaram conhecimento desta ferramenta que lhes é oferecida e tendem a embarcar numa potencial ilusão de descontos que muitas vezes são só aparentes. Existem relatos de consumidores que acabam por comprar um produto com desconto, produto esse que anteriormente era mais barato.

Claro que felizmente para os consumidores, existem situações reais de Black Friday, em que os descontos apresentados e oferecidos por parte das empresas são reais e verdadeiros e perante estas situações o consumidor não é defraudado. Mas como tudo na vida por uns pagam os outros e a dúvida já está instalada.

Para que não existam dúvidas sobre os reais descontos e promoções, está na hora de serem criados mecanismos e ferramentas que permitam de uma vez por todas esclarecer esta situação, bem como existir uma fiscalização mais apertada.

Empresas honestas não podem ser vítimas das fraudulentas e devem procurar defender o seu bom nome, para que por exemplo na época de saldos e promoções que se aproxima, ou no Black Friday do próximo ano, estas dúvidas estejam esclarecidas. Para bem do consumidor e das empresas honestas.

Vale a pena pensarmos nisto.

Associado do OBEGEF – Observatório de Economia e Gestão de Fraude

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