Projecto cultural do Vale do Varosa ganha prémio de património em Espanha

Reconhecimento surgiu durante a X Bienal de Restauro e Gestão do Património, em Valladolid.

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O ministro da Cultura inaugurou este Verão o Centro Interpretativo do Mosteiro de Tarouca neg nelson garrido

O projecto Vale do Varosa ganhou o Prémio Internacional AR&PA 2016, atribuído durante a X Bienal de Restauro e Gestão do Património, que terminou no domingo, em Valladolid, Espanha, anunciou esta segunda-feira o Museu de Lamego, que gere o projecto.

O projecto Vale do Varosa teve início em 2009 com a criação de uma "rede de monumentos abertos de forma integrada, tendo tido como núcleo principal, numa primeira fase, os mosteiros cistercienses de São João de Tarouca e de Santa Maria de Salzedas e o convento franciscano de Santo António de Ferreirim", explicou o museu. Desde Julho último o projecto está "a funcionar em pleno", depois de, em 2014, ter aumentado o número de monumentos com a inclusão da Torre Fortificada de Ucanha, no concelho de Tarouca, e da Capela de São Pedro de Balsemão, em Lamego.

Segundo a mesma fonte, o júri reconheceu ainda o Vale do Varosa como "um projecto que potencia as parcerias público-privadas, através do mecenato, e viu-o como um exemplo de 'intervenção correcta, historicamente sensível, num contexto social definido', que faz emergir na região do Douro, Património da Humanidade, a herança cultural, artística e paisagística de um conjunto de monumentos que foram intervencionados para fruição pública". O júri destacou neste projecto a "forma de actuar consistente que conjuga território, paisagem e património", e que resulta numa "intervenção viva e uma aposta de futuro".

A norte-americana Martha Thorne, da Escuela de Arquitectura y Diseño e directora executiva do Prémio Pritzker, presidiu ao júri, que foi ainda composto por Javier Rivera Blanco, catedrático de História da Arquitectura e Restauro, Manuel Roberto Guido, da direção-geral do Património do Ministério da Cultura de Itália, e por José Maria Lobo de Carvalho, arquitecto e consultor para o Património Português e Prémio Europa Nostra.

O projecto do Vale do Varosa abrange os concelhos de Lamego e Tarouca, no Alto Douro, e é desenvolvido sob a égide da Direcção Regional de Cultura do Norte e com gestão directa do Museu de Lamego. "As principais linhas estratégicas foram a recuperação de edificado, a musealização do património móvel e imóvel, a instalação de centros de acolhimento e interpretação, a criação de uma imagem personalizada e, finalmente, a abertura ao público com funcionamento em rede e o desenvolvimento de acções de divulgação conjuntas", explicou à agência Lusa fonte do Museu de Lamego.

O diretor do Museu de Lamego, Luís Sebastian, explicou que a rede de monumentos Vale do Varosa já contabilizou mais de 50 mil visitantes ao longo deste ano, devendo atingir os 60 mil até final de Dezembro. Para o responsável, este crescimento deverá vir a ser impulsionado pelo reconhecimento que o projecto alcançou além-fronteiras, com o prémio que agora lhe foi atribuído.

Luís Sebastian lembra que esta rede de seis monumentos está totalmente aberta desde Junho e deverá continuar a crescer. "Para o ano contamos ter muito mais visitas. A nossa ambição é grande, sendo dados passos sustentados, pois queremos que estes monumentos continuem abertos daqui a dez anos, com qualidade, guias e formação", acrescentou.

Os Prémios AR&PA de Intervenção no Património Cultural foram criados em 2000, com o objectivo de reconhecer o trabalho realizado por profissionais e instituições dedicadas à conservação, reabilitação e restauro do património cultural, assim como o interesse de projectos destacados na aplicação de técnicas, metodologias e estratégias inovadoras nas intervenções em bens culturais, explicou Carlos Saiz, director do Património Cultural do Governo Autónomo da Comunidade de Castela e Leão, que organiza a Bienal.

Portugal foi este ano o país-convidado da Bienal, tendo a sua programação sido apresentada em Outubro passado, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, por Carlos Saiz e pela directora-geral do Património Cultural de Portugal, Paula Silva, que na ocasião realçou que este é o maior encontro na área do património cultural da Península Ibérica.

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