Acabou alerta de tsunami na Nova Zelândia

Sismo de magnitude 7.8 na escala de Richter teve efeitos em todo o país. Há uma cidade isolada, Kaikoura.

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Efeitos do sismo foram sentidos em Wellington, na outra ilha da Nova Zelândia Marty Melville/AFP
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Um terramoto de magnitude 7.8 na escala de Richter abalou neste domingo a Nova Zelândia, pouco depois da meia-noite (11h em Portugal continental). O epicentro situou-se a 208 quilómetros a sudoeste de Wellington, a capital neozelandesa e foi lançado um alerta à população para procurar zonas altas, por se ter formado um tsunami. Há duas mortes confirmadas pela polícia.

O alerta foi levantado após uma noite inteira de tensão. Há ainda um um aviso de risco na praia na costa Nordeste da ilha sul, mas foi dada autorização para que as pessoas regressem às suas casas na maior parte das zonas costeiras.

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Foram deslocados helicópteros militares para Kaikoura, uma cidade costeira que é um destino turístico popular, para observação de golfinhos e focas, e com a qual não há comunicações, para melhor avaliar a situação, anunciou o primeiro-ministro neozelandês, John Key.

O perigo permanece na costa Nordeste da ilha Sul, mais perto do epicentro do sismo – o alerta começou por ser só para a ilha Sul, mas foi alargado a todo o país. Há relatos de queda de alguns edifícios, e de algumas vítimas, mas sem que seja possível determinar a gravidade da situação.

"Estamos a começar a receber notícias de feridos da zona do sismo", relatou Dion Rosario, da associação St. John Ambulance, que está a enviar helicópteros com pessoal médico de emergência para o epicentro do terramoto. "Mas não temos informação específica", disse à Reuters.

As autoridades pedem para que as pessoas fiquem em casa e não vão trabalhar segunda-feira. Nas redes sociais há muitas fotos de estradas com fendas.

Velocidade destruidora

O primeiro sinal de alerta foi dado cerca de duas horas depois do sismo, quando a sismóloga Anna Kaiser disse à Radio New Zealand que tinha sido detectada no oceano a formação de uma onda com um metro de altura. "Isto é razoavelmente significativo para as pessoas levarem a sério", acrescentou, citada pela Reuters. "A primeira onda pode não ser a mais forte. As ondas podem continuar durante várias horas", diz um comunicado o Ministério da Protecção Civil.

As ondas dos tsunamis causam destruição quando chegam à costa porque trazem um grande volume de água – com muito lixo à mistura – acelerada a enorme velocidade. No fundo do oceano, um tsunami tem um longo comprimento de onda e pode viajar a mais de 800 km/hora. Mas, quando chega uma zona de menor profundidade, a onda é comprimida e a velocidade diminui drasticamente. O resultado é que em vez de se desfazerem na praia, as ondas do tsunami crescem em altura ao chegar à costa e quando finalmente a muralha de água desaba, com todos os detritos que traz, tem uma enorme força destruidora.

A Nova Zelândia fica na zona sísmica mais activa do planeta, no chamado Anel de Fogo do Pacífico, um arco de 40 mil km de vulcões e fossas oceânicas. Cerca de 90% dos sismos da Terra ocorrem nesta região. 

O terramoto inicial ocorreu a cerca de 91 km de Christchurch, a maior cidade da ilha do Sul. Depois do sismo inicial, foram sentidas muitas réplicas, algumas delas fortes. "Estávamos a dormir e fomos acordados ao sentir a casa a tremer", disse à AFP Tamsin Edensor, mãe de dois filhos, moradora em Christchurch.

Os Serviços Geológicos dos EUA, que monitorizam a actividade sísmica mundial em tempo real, dá conta de um primeiro sismo de magnitude 7.8, a 23 km de profundidade, seguido de vários abalos mais fracos, situados entre os 4.9 e os 6.2 na escala de Richter. Os serviços neo-zelandeses referem, no entanto, um sismo de magnitude 7.5, a 15 km de profundidade.

Segundo o New Zealand Herald, o abalo foi sentido em Wellington, onde se ouviram sirenes de alerta de tsunami. Há fotos nas redes sociais de danos em edifícios. Um porta-voz do conselho municipal da capital neo-zelandesa disse que os subúrbios na zona Sul foram evacuados. "Temos informações acerca de canalizações partidas e muitas, muitas coisas a caírem de estantes e mesas", disse Richard Maclean à Radio New Zealand, que se tornou uma referência na disseminação de informação durante esta crise.

"A casa toda abanou como se fosse uma cobra e algumas coisas partiram-se, a electricidade foi cortada", conta Elizabeth, que reside em Takaka, perto da zona norte da ilha, à Radio New Zealand, citada pela Reuters.

Os primeiros relatos dão conta de que o abalo foi fortemente sentido em Christchurch, cidade que em 2011 teve de lidar com enormes perdas provocadas por outro sismo. A 22 de Fevereiro desse ano, a Nova Zelândia foi atingida por um terramoto de 6,3 na escala de Richter que destruiu boa parte do centro de Christchurch. Morreram 185 pessoas, cerca de 6000 casas ficaram destruídas e a catedral também não resistiu.

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