A luta pelo controlo do Senado pode prolongar-se até 2017

Nesta terça-feira sabe-se que partido assume o controlo do Senado. Ou talvez não.

Se Hillary Clinton e o Timothy Kaine, o Senador Democrata do estado da Virgínia, ganharem as eleições, o mais provável é que os democratas também ganhem o controlo do Senado. Mas também é provável que a maioria seja por apenas um lugar. E quase de imediato terão de defender o assento deixado pelo Senador Timothy Kaine. A ida do senador para a Casa Branca desencadeará um efeito dominó na Virgínia que poderá dar uma nova oportunidade aos Republicanos no Senado. Ambos os partidos têm de agir depressa já que a luta pelo assento da Virgínia — e pelo controlo do Senado — terá lugar em duas eleições caras e famosas.

Quais os possíveis cenários políticos para os próximos meses?

Cenário 1: o governador nomeia um substituto

Depois das eleições, o Governador Democrata Terry McAuliffe nomeia um substituto para o lugar de Timothy Kaine. Como o Governador é Democrata, é natural que nomeie um Democrata. Isso não deve ter passado despercebido à equipa de Hillary Clinton quando escolheram Timothy Kaine. Terry McAuliffe pode optar por uma de três opções. Pode nomear quem garanta não se candidatar em 2018 e, assim, adia esta luta de poder. Mas isso quer dizer que o candidato Democrata está a deitar fora o seu trunfo. Pode nomear um angariador de fundos ou uma personalidade reconhecida. Nesse caso, tem muito por onde escolher. Pode optar por um dos outros Democratas membros do Congresso, Gerald Connolly e Don Beyer de Arlington. Ou o Procurador-Geral Mark Herring.

Cenário 2: os eleitores da Virgínia vão a votos

Não há dúvida que Terry McAuliffe vai nomear um democrata. O próximo passo são as eleições especiais em Novembro de 2017. Os eleitores da Virgínia têm o direito a escolher o substituto de Timothy Kaine. É aqui que tudo se complica em Washington para os Republicanos e Democratas.

As eleições especiais do Senado da Virgínia vão ser as únicas eleições para o Senado dos EUA em 2017. E podem atrair muita atenção externa, em especial se as eleições nacionais de terça-feira derem uma maioria aos Democratas apenas por um lugar. É um cenário possível. Se Timothy Kaine chegar à vice-presidência, será o presidente do Senado. Os Democratas vão precisar de quatro lugares para tomar o controlo do Senado. E têm uma hipótese real de cinco a sete.

Os democratas têm a vantagem de terem o Democrata Terry McAuliffe da Virgínia no poder. Mas a dinâmica destas eleições especiais pode ser vantajosa para os Republicanos. E não há falta de Republicanos talentosos e com boas relações para tomarem partido desta rara oportunidade no senado. Entre estes encontra-se Barbara Comstock. Se ela for reeleita para o Congresso como representante da zona de Loudon, provavelmente quererá evitar ser um processo competitivo de eleições a cada dois anos. Carly Fiorina também é uma candidata, segundo a jornalista Jenna Portnoy do The Washington Post. Já para não falar de Ed Gillespie. O estratega do Partido Republicano que não venceu por pouco em 2014 contra o Senador Democrata Mark Warner da Virgínia. Ele está na corrida para governador, mas não há nada que garanta que não possa mudar de estratégia.

Um ano depois de perderem o Senado, não faltarão grupos motivados e dispostos a ajudar os Republicanos a tomar o controlo. A Virgínia é considerada o paraíso financeiro das campanhas eleitorais e não tem limites para as contribuições políticas.

É importante lembrar que as eleições extraordinárias normalmente atraem mais eleitores republicanos: brancos, mais velhos e menos inconstantes. Portanto, seja quem for que Terry McAuliffe nomeie, o mais provável é que o xeque-mate seja dado pelo vencedor do lugar da Virgínia nas eleições de Novembro de 2017.

Cenário 3: os eleitores da Virgínia voltam às urnas

Seja quem for que ganhe as eleições especiais de Novembro de 2017 terá de repetir todo o processo. As eleições para o mandato de seis anos são em Novembro de 2018, ou seja, praticamente no dia seguinte. Tal implica que este senador, além da campanha e da angariação de dezenas de milhões de dólares pela segunda vez, tenha realmente de demonstrar trabalho num Senado lento.

Poucos conseguiram vencer duas grandes eleições de estado em dois anos seguidos. O último político a conseguir foi Harry Byrd Sr. da Virgínia lembra a jornalista Jenna Portnoy do The Washington Post. Neste cenário, os Republicanos também saem beneficiados, ainda que pouco. Os Democratas a vencerem o Senado a 8 de Novembro passam os dois anos seguintes a defenderem a sua maioria. Quem ficará, então, com o controlo do Senado durante a maior parte do mandato do próximo presidente? Devemos ter de esperar mais de um ano para saber a resposta.

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