O western continua morto

As Armas de Jane é uma não-notícia: o western continua morto.

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As Armas de Jane: uma mistura estranha, e nada reflexiva, de artificialismo e verismo
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As Armas de Jane: uma mistura estranha, e nada reflexiva, de artificialismo e verismo

O título original (Jane Got a Gun) parece aludir ao célebre filme de Dalton Trumbo, Johnny Got His Gun, mas essa tangente é o mais perto que esta tentativa de reinvenção de Natalie Portman como heroína de western fica de um bom filme. As Armas de Jane, como a maioria dos westerns contemporâneos, é um filme post-mortem, o que signfica que há rigor mortis por todos os lados: uma mistura estranha, e nada reflexiva, de artificialismo e verismo (por exemplo a obsessão com as dentaduras podres dos vilões, como se acreditássemos mais nas personagens por causa disso), aquela bizarra tonalidade amarela-acastanhada da fotografia (como se não houvesse outras cores possíveis para o Oeste americano do século XIX), e sobretudo uma galeria de personagens sem força, prisioneiras duma solenidade perra, como se constrangidas pelas indumentárias e por todas as convenções do “filme de época”, o que aliás apenas parece sublinhar a impossibilidade de o cinema ter um hoje um diálogo “natural” com o género.

A história - uma mulher, o marido inválido e o antigo amante dela, retidos em casa à espera do ataque de um gangue de malfeitores - revisita alguns arquétipos do western, mas estamos bem longe de um Rio Bravo de saias, tal é a mediocridade geral da encenação e do desenvolvimento narrativo. Sabe-se que o filme foi afligido por problemas de produção, que incluiram uma troca de realizadores na véspera do início da rodagem. Pensar que isso explica alguma coisa é a única forma de fazer a sra. Portman (que até é uma das produtoras) sair disto minimamente indemne. Porque o que As Armas de Jane diz é uma não-notícia: o western continua morto.

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