Haruki Murakami volta a ser favorito para o Nobel da Literatura

António Lobo Antunes de novo na lista das casas de apostas para o prémio que deverá ser anunciado no próximo dia 13.

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Haruki Murakami em Berlim, em 2014 JOHN MACDOUGALL/ AFP

Faz já parte da tradição: na contagem decrescente para o anúncio do Nobel da Literatura, as casas de apostas britânicas, blogues de literatura e publicações um pouco por todo o mundo fazem as suas apostas quanto à decisão da Academia sueca. E, como tem acontecido nos últimos anos, o japonês Haruki Murakami, de 67 anos, surge nos primeiros lugares dessas listas, juntamente com outros nomes de que repetidamente se fala por esta altura.

O anúncio do prémio está, este ano, atrasado em relação ao que tem acontecido nas últimas edições, em que o Nobel da Literatura surge na sequência das outras disciplinas – que começaram, no dia 3, com o de Medicina –, e deveria eventualmente calhar nesta quinta-feira. Correram mesmo rumores a apontar para desentendimentos entre os membros do júri e responsáveis da Academia sueca como razão para o adiamento, que na verdade nunca o foi, porque a data deste prémio ainda não foi anunciada este ano no site oficial da instituição. Do gabinete de imprensa da instituição, o PÚBLICO recebeu quarta-feira a confirmação de que o Nobel da Literatura não seria atribuído nesta quinta-feira e de que a data só seria anunciada na segunda-feira anterior à quinta-feira em que fosse atribuído o prémio.

No dia 30 de Setembro, um porta-voz da Academia, Per Wästberg, em declarações à imprensa sueca, negou os boatos, justificou o “atraso” por razões do calendário das reuniões dos 18 membros da instituição a quem cabe escolher o premiado, e adiantou mesmo que o Nobel da Literatura deveria ser anunciado na quinta-feira, dia 13 – mesmo assim, ainda antes do início da Feira do Livro de Frankfurt, que começa a 19, e que costuma ser também aproveitada para uma maior mediatização do vencedor. 

Na lista dos favoritos dada a conhecer na manhã desta quinta-feira em Londres, e citada pelo The Guardian, a Ladbrokes – que no ano passado tinha nomeado a bielorrussa Svetlana Alexievich como provável vencedora, o que veio a confirmar-se – coloca Haruki Murakami a liderar o top 5 da lista das apostas, com probabilidades de 4/1. Seguem-se o poeta sírio Adonis (6/1), o romancista norte-americano Philip Roth (7/1), o escritor queniano Ngugi wa Thiong’o (10/1) e a também norte-americana Joyce Carol Oates (14/1).

“Murakami está outra vez no top – isso acontece todos os anos, mas os seus admiradores acreditam, mais do que nunca, que este ano é a sua vez”, disse o porta-voz da Ladbrokes, Alex Donohue.

Segundo esta casa de apostas, o escritor irlandês John Banville – Prémio Príncipe das Astúrias em 2014, e que tem também já no seu palmarés um Man Booker (2005), pelo romance O Mar (ed. Asa) – é “o outsider mais bem posicionado” para o Nobel, com uma probabilidade de apostas que vai de 20/1 a 33/1, adiantou também Alex Donohue, salvaguardando, contudo, que estes números resultam de apostas que são feitas com motivações muito diversas, entre quem quer apenas ganhar dinheiro seguro, arriscar no inesperado – e aqui fez um paralelismo com o campeão da última liga do futebol inglês, o Leicester City –, ou tão só apoiar a “candidatura” de alguém por quem se tem admiração.

Na extensa lista que resulta destas apostas, surgem muitos outros nomes de quem se tem falado sempre nos últimos anos, além do autor de 1Q84. São os casos do espanhol Javier Marias, do britânico Salman Rushdie, dos israelitas Amos Oz e David Grossman, do checo Milán Kundera…  e também de António Lobo Antunes, que neste ranking da Ladbrokes aparece num grupo com probabilidades de 20/1. E este ano voltamos também a encontrar o nome de Bob Dylan (50/1), com uma subida de hipóteses relativamente a 2015.

O The Guardian recorda que, na última década, no fim do prazo das apostas, por quatro vezes o vencedor do Nobel foi um escritor que estava no topo da lista da Ladbrokes: a já referida Svetlana Alexievich, no ano passado, o poeta sueco Tomas Tranströmer (2011), a romancista alemã Herta Müller (2009) e o escritor francês Le Clézio (2008).

Recorde-se que a Academia sueca não faz a divulgação de qualquer shortlist relativa aos candidatos que entram na discussão final do prémio, a partir das centenas de nomes que lhes são propostos a partir de cada país. De acordo com as regras da instituição, essa lista só é libertada meio século após o ano da atribuição do prémio que foi criado em 1901.

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