Talisca não tinha convite mas foi à Luz e estragou a festa

Benfica liderou desde os 12 minutos, mas o golo do jogador emprestado ao Besiktas, já no período de compensação, ditou empate na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões

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Talisca foi o protagonista da noite Pedro Nunes/Reuters
Cervi adiantou o Benfica, mas o empate chegaria perto do fim
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Cervi adiantou o Benfica, mas o empate chegaria perto do fim Patrícia de Melo Moreira/AFP

O Benfica iniciou a Liga dos Campeões 2016-17 com um empate caseiro diante do Besiktas (1-1), tendo deixado fugir o triunfo nos instantes finais. O reforço Cervi adiantou os “encarnados”, mas um velho conhecido despejou um balde de água gelada sobre a Luz já no período de compensação: Talisca, num daqueles livres directos que os adeptos do Benfica festejaram nas duas últimas épocas, estragou a festa e ditou a igualdade na partida.

Quando os responsáveis do Benfica tomaram a decisão de emprestar Talisca ao Besiktas, não previram a utilidade que o brasileiro teria numa noite como a de ontem. Face à escassez de opções atacantes (Rafa juntou-se no lote de lesionados a Mitroglou, Jonas, Jiménez e Jovic), o baiano seria uma solução óbvia para a equipa orientada por Rui Vitória. Só que Talisca estava do lado contrário e coube-lhe o papel de anti-herói na primeira noite europeia desta temporada.

A entrada do brasileiro para a segunda parte foi essencial para o Besiktas começar a mudar a face do jogo. Até ao intervalo, os turcos tinham sido pouco mais do que uma nulidade, sem mostrarem capacidade para incomodar Ederson (uma das surpresas do Benfica, tendo relegado Júlio César para o banco de suplentes). O internacional português Ricardo Quaresma foi dos poucos a tentar agitar a partida, mas lutava praticamente sozinho. Mas, nos segundos 45’, começou a alterar-se essa tendência. A quebra física de alguns jogadores do Benfica e as alterações feitas pelo técnico turco deram autoridade renovada ao Besiktas, que começou a criar problemas ao guarda-redes “encarnado”. Ederson foi adiando o golo turco com algumas boas intervenções, mas não podia fazer nada para travar o remate teleguiado do ex-companheiro Talisca e evitar a desilusão.

Sem Rui Vitória no banco de suplentes, a cumprir castigo relativo à temporada passada por ter sido expulso do banco no empate a 2-2 diante do Bayern Munique, na segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, o Benfica entrou em campo com três alterações relativamente à última partida. Desde logo na baliza, com Júlio César a dar lugar a Ederson. Lindelöf ocupou o lugar de Jardel ao lado de Lisandro López, no centro da defesa, e Cervi foi o escolhido para render o lesionado Rafa.

Só por ter entrado em campo, o Benfica já estava a ganhar: 12,7 milhões de euros de prémio da UEFA pela participação na fase de grupos da Liga dos Campeões. E aos 12’ também passou para a frente do marcador, com Cervi a justificar a aposta. Tudo começou num grande passe de André Horta para Salvio, que fugiu bem aos defesas e depois, de ângulo difícil, fez o remate para defesa apertada de Zengin. Cervi, mas rápido do que toda a gente, foi à recarga e fez o golo.

O jogo era do Benfica, que controlava com conforto. O Besiktas era praticamente inofensivo e fez o único remate na primeira parte aos 30’, num livre directo marcado por Ricardo Quaresma que Ederson afastou para canto. Pelo contrário, os “encarnados” ainda dispuseram de algumas oportunidades para ampliar a vantagem: Gonçalo Guedes atirou rasteiro para defesa de Zengin (39’) e o guarda-redes turco contrariou com grande defesa um remate potente de André Horta, de muito longe, em cima do intervalo.

Era preciso mais Besiktas no ataque para evitar a derrota e o treinador Senol Günes apostou em Talisca para a segunda parte, lançando depois também Tosun, avançado que tinha quatro golos nos três jogos anteriores. Os turcos melhoraram, castigaram o recuo do adversário e começaram a aproximar-se da baliza do Benfica com mais perigo e desperdiçaram o golo quando Quaresma surgiu em excelente posição após corte desastrado de André Horta, mas Ederson saiu a tempo e afastou a bola – o alívio saiu contra Nélson Semedo, mas Aboubakar não conseguiu chegar. Pouco depois, o avançado cedido pelo FC Porto fez um excelente trabalho, a ludibriar dois defesas, mas o remate de Tosun saiu incrivelmente por cima.

A lutar contra a maré, o Benfica mostrou-se quando Guedes surgiu cara-a-cara com o guarda-redes turco após falha de Quaresma, que tentou driblar o atacante mas ficou sem a bola. Só que Zengin correspondeu com uma excelente defesa.

Mas ainda não era o ponto final. Ederson continuava a ser solicitado e brilhou para contrariar o cabeceamento de Marcelo. Só que não conseguiu fazer nada para travar o disparo de Talisca, aos 90+3’, que colocou o empate no marcador. Ao contrário dos dois últimos anos, o brasileiro marcou e as bancadas da Luz ficaram em silêncio.

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