Toalhas estendidas na relva à espera de Jungle, Herbert ou DJ Harvey

Ao terceiro ano, o festival Lisb-On aposta no crescimento com mais um dia, mais artistas e algumas alterações organizativas. Entre sexta e domingo.

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Jungle
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Herbert
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Tale Of Us
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DJ Harvey

O primeiro ano foi a materialização de uma ideia: um evento diurno no centro de Lisboa, com música para dançar ou relaxar numa clareira do Parque Eduardo VII. A lotação de cinco mil pessoas não esgotou, mas a experiência de ouvir Dâm-Funk, Roy Ayres, Carl Craig, Moodymann ou Rodrigo Leão resultou e o passa-a-palavra funcionou.

À segunda edição, o evento esgotou com Nicolas Jaar, Todd Terje, Michael Mayer ou Jazzanova. Foi o ano das dores de crescimento, com a organização a ser alvo de críticas pela demora na entrada e no acesso aos bares. Agora, em 2016, a aposta é forte, com o evento a passar de dois para três dias, o que significa mais artistas.

É portanto um ano de crescimento e de algumas alterações organizativas que vão tentar responder aos reparos do ano transacto. A entrada no espaço será agora pela ala central do Parque Eduardo VII e foram reforçados os serviços no interior do recinto.

A filosofia do cartaz é que não sofreu alterações: música conotada com a noite para ser desfrutada à luz do dia ou ao entardecer, em concertos ou sessões DJ que terão início pelas 14h, num ambiente descontraído com muitas toalhas estendidas na relva.

Esta sexta-feira, atenções viradas para o inglês Herbert (19h25), figura sobejamente conhecida das últimas duas décadas, capaz de criar música house envolvente através de fragmentos sonoros retirados do corpo humano, do espaço doméstico ou do ciclo de vida de um porco, ao mesmo tempo que circula por teatros ou galerias de arte fazendo música mais experimental. Resta saber o que virá apresentar. Se a algo próximo do álbum The Shakes (2015), em que regressava a caminhos mais dançantes, se à abstracção de A Nude (2016), o projecto executado a partir de sons de um corpo nu encerrado num quarto durante 24 horas.

Quem não deverá trazer surpresas são os ingleses Jungle (domingo, 19h45), ou seja a dupla Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland, autores de um álbum homónimo que causou furor em 2014acompanhada por alguns músicos. Quem já os viu já sabe o que esperar: música luxuriante, com tanto de celebração como de contenção, capaz de evocar o passado (soul, funk, disco ou pop) mas sem ficar presa a nenhuma nomenclatura ou época em particular. Em palco, a festa está garantida.

O Brasil estará representado por dois nomes históricos provavelmente mais conhecidos na Europa do que no seu país de origem. Falamos dos Azymuth (sábado, 17h30) e de Marcos Valle (domingo, 15h45). Os primeiros misturam há quatro décadas samba, jazz, funk e soul, tendo-se tornado banda de culto em Inglaterra a partir dos anos 1990 graças às edições da Far Out, a mesma editora que deu a conhecer às novas gerações o veterano cantor e compositor Marcos Valle, no activo desde os anos 1960, e que lançou o último álbum a solo, Estática, em 2010, antes de uma colaboração com Stacey Kent da qual resultou um álbum ao vivo.  

Quem também já adquiriu o estatuto de histórico é o inglês DJ Harvey (sábado, 18h15), um especialista na arte de misturar discos que mais ninguém conhece, das mais diversas épocas e das mais díspares tipologias, embora o resultado final seja sempre cálido e com o balanço físico certo.

O alemão Dixon (sexta, 21h) ainda não atingiu o mesmo estatuto, mas para lá caminha, tendo-se mantido ao longo das duas últimas décadas como um dos DJ e produtores fiáveis da música house mais emocional, o mesmo se podendo dizer dos compatriotas Max Graef (domingo, 17h20) e Gerd Jason (domingo, 20h), que terá honras de encerrar o evento.

Também alemães são os Tender Games (sexta, 16h55), dupla que não prescinde da estrutura de canção mesmo quando são os ritmos mais distendidos do house que estão por detrás da sua sonoridade. Também em duo se apresentarão os Tale Of Us (sábado, 21h05), um americano e um canadiano que se conheceram na Europa, começando a criar música house e tecno em Berlim. Fazem-no de forma afectiva mas sem nunca prescindirem da dose extra de adrenalina capaz de animar qualquer pista de dança. Não custa prever que serão um dos nomes mais saudados.

Para sonoridades mais distendidas haverá de contar com as sessões DJ de Mary B (sexta, 14h) e João Tenreiro (domingo, 14h) ou com os projectos portugueses Sweat & Smoke (sexta, 15h45), De Los Miedos (sábado, 14h) e Surma (sábado, 15h), a aventura solitária de Débora Umbelino algures entre as electrónicas etéreas e o rock menos previsível. Isto, claro está, para além dos Sensible Soccers (sábado, 16h15), algures entre o psicadelismo pop e elementos cósmicos de horizonte electrónico.

O bilhete diário custa 35 euros e o passe de três dias 80. Depois da meia-noite, o festival continua em vários espaços associados (bares, restaurantes, hotéis ou galerias), com diferentes programações especificamente concebidas para as três noites em que decorre o evento.

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