Quatro detidos após descoberta de carro com botijas de gás no centro de Paris

Dois casais alvo de um inquérito por suspeitas de associação terrorista. Automóvel foi deixado nas imediações da catedral de Notre-Dame.

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Soldado patrulha a entrada da capital de Notre-Dame, um dos locais de maior atracção turística de Paris Philippe Wojazer/Reuters

Quatro pessoas foram detidas nas últimas 24 horas em França no âmbito de um inquérito aberto após a descoberta, no domingo, de seis botijas de gás dentro de um automóvel estacionado nas imediações da catedral de Notre-Dame, no centro da capital.

Um primeiro casal foi detido quarta-feira às ordens da procuradoria antiterrorista de Paris que, segundo fontes citadas pela agência AFP, está a levar muito a sério as suspeitas levantadas por este caso, que acontece quase dois meses depois do ataque com um camião que matou 86 pessoas em Nice e numa altura em que o estado de emergência se mantém em vigor no país.

Segundo o jornal Le Monde, o homem e a mulher foram detidos numa estação de serviço de uma auto-estrada no Sul de França e já eram conhecidos dos serviços de informação por ligações a movimentos extremistas islâmicos.

Já nesta quinta-feira, a polícia francesa deu conta da detenção de um segundo casal, desta vez em Montargis, Loiret, no centro do país. Vão ser igualmente ouvidos no âmbito da investigação preliminar por suspeita de associação criminosa terrorista, embora as autoridades admitam não ter ainda certeza de que estivessem a preparar um atentado.

Tudo começou na noite de domingo para segunda-feira, quando um empregado de um bar alertou as autoridades para a presença de uma botija de gás no assento de um automóvel que estava estacionado junto às margens do Sena, frente à emblemática catedral parisiense, com os piscas ligados e sem placas de matrícula. A botija estava vazia, mas os agentes da polícia que se deslocaram ao local descobriram outras cinco na mala do carro, bem como documentos de identificação em árabe. Apesar das suspeitas levantadas, não foi encontrado qualquer detonador dentro do automóvel.

O proprietário do veículo, igualmente conhecido das autoridades por ligações a grupos islamistas, chegou a ser ouvido pelas autoridades mas foi libertado na quarta-feira. A AFP adianta, no entanto, que uma filha está a ser procurada pelas autoridades e é descrita como “radicalizada”.

Estas suspeitas surgem meses depois de o director dos serviços de segurança interna franceses, Patrick Calvar, ter dito no Parlamento que as autoridades temiam “uma nova forma de ataques”, com a “colocação de engenhos explosivos” em locais de grande concentração de pessoas, incluindo com o recurso a carros armadilhados.

França confronta-se com a violência jihadista desde os ataques contra a redacção do jornal Charlie Hebdo e um supermercado em Paris, que fizeram 17 mortos em Janeiro de 2015. Um receio que aumentou com os atentados que mataram 130 pessoas em Novembro, também na capital francesa, e o inédito ataque de 14 de Julho em Nice, seguido dias depois pela morte de um padre durante um sequestro numa igreja da Normandia. Todas as acções foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, grupo jihadista sediado entre a Síria e o Iraque e ao qual se juntaram nos últimos anos perto de dois mil cidadãos franceses.

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