MTV faz 35 anos e decreta que os anos 1990 e 2000 já são “clássicos”

O novo canal MTV Classic estreia nos EUA com Beavis & Butt-head, TRL ou os Unplugged. Foca as décadas em que o canal tinha mais música e depois passou namorar o reality e a ficção. Em Portugal, nada muda.

Fotogaleria
enric vives-rubio
Fotogaleria
Beavis & Butt-head DR
Fotogaleria
O logo do novo canal americano MTV
Fotogaleria
A apresentação da MTV Portugal em 2003 rui gaudêncio
Fotogaleria
O Unplugged dos Nirvana MTV

Beavis & Butt-head, TRL, os concertos Unplugged e as sessões Storytellers, mas também os primórdios da programação reality e a ficção híbrida da MTV, , como Jackass ou Laguna Beach, que roubou o protagonismo aos vídeos. A MTV Classic nasce esta segunda-feira das cinzas do VH1 Classic, consagrando como retro não só os anos 1990 mas também o início da década de 2000. Apenas nos EUA, para já, mas celebrando os seus 35 anos com um canal em que é sempre #throwbackthursday.

Os anos Classic eram anos em que a MTV era uma jovem adolescente, sem a concorrência da Internet (e mais tarde apenas a lidar com uma rede emergente). Era estimulada pelos novos canais de cabo e pelo satélite no panorama internacional. Era então um ponto central de divulgação musical e do consumo jovem de televisão. Mais recentemente, a MTV e os seus sucedâneos lutam por manter audiências na cobiçada faixa etária jovem que têm como público-alvo, ao mesmo tempo que querem, como o vice-presidente do canal disse ao New York Times, capitalizar a tendência de nostalgia na cultura popular. “Olhar para trás”, diz citando hashtags como #throwbackthursday ou #tbt, muito populares nas redes sociais para recuperar imagens do passado, “parece estar super na moda”, sublinhou Eric Flannigan. A faixa dos 18 aos 24 anos é de resto a que cada vez mais foge aos televisores, rumo ao streaming de vídeos na Internet.

Nesses idos anos, a MTV era ainda sobretudo povoada pela música e pelos programas sobre música. Quando estava à beira dos 30, mudou o seu reconhecível logotipo. Não na tonalidade ou no desenho, porque as letras sempre foram uma espécie de tela em branco colorida, capaz de se vestir de roxo para chorar a morte de Prince ou de assinalar o dia da luta contra a sida, mas tirando a frase, a tagline Music Television debaixo do seu trio de letras. Oficializava-se algo que há muito se sabia e era apontado por músicos e críticos: a MTV tinha cada vez menos música e programas tipo reality show como o pioneiro The Real World ou The Osbournes, com a família do líder dos Black Sabbath Ozzy Osbourne, e ainda Jackass ou o que viria a ser o fenómeno Jersey Shore. “Porque é que temos tido tanto medo [de tirar essas palavras] quando o próprio canal evoluiu tanto ao longo dos anos?”, questionava em 2010, ao Los Angeles Times, Tina Exarchos, responsável pelo marketing do canal. Agora que chega aos 35 anos, a MTV não anuncia mudanças significativas no seu canal ou nos canais nacionais do mercado global, mas cria uma nova marca.

Os ciclos da moda e das modas têm, não oficialmente, uma circularidade de 20 anos e por isso a ressurgência dos anos 1990 é mais do que atempada – nos códigos de vestuário ou nas influências musicais das bandas ou dos designers, eles andam aí há anos. Mas ainda vamos a meio da segunda década do século XXI e os anos 2000 também já são promovidos a “clássicos” pela MTV, o conglomerado de marcas e chancelas que acumula os vários canais com o prefixo MTV com os VH1 e até o infantil Nickleodeon.

O VH1 Classic, disponível em Portugal apenas no operador Nos, tem como foco os videoclipes produzidos entre os anos 1970 e meados dos anos 1990. O novo canal MTV Classic, que “só estará disponível nos EUA”, como disse ao PÚBLICO Mariana Agathoklis, vice-presidente da Comunicação da MTV, categoriza como clássicos séries e programação musical “com foco especial nos 1990s e no início dos 2000”, escreve por seu turno o canal americano em comunicado.

A primeira hora de emissão será a mesma que, em 1981, lançou a própria MTVMTV Hour One estará no ar logo às 6h do dia em que o próprio canal-mãe faz 35 anos e será transmitido no Facebook Live. A seguir, será exibido um especial sobre o programa ao vivo Total Request Live, ou TRL, que durou de 1998 a 2008, e depois chega uma maratona de MTV Unplugged – ou seja, começa a desfiar-se o rol de programação dos anos 1990 com alguns dos mais “memoráveis” episódios desses concertos acústicos. O dos Nirvana será o mais emblemático e é por aí que começa o desfile, incluindo-se na lista do primeiro dia as emissões com Bob Dylan, The Cure, Aerosmith, Oasis, REM, Neil Young, Erykah Badu e os Alice in Chains; outros episódios, como os de Bruce Springsteen, Pearl Jam, Kiss ou Hole, passarão noutras datas. O Unplugged dos Nirvana, gravado cinco meses antes da morte do vocalista Kurt Cobain e editado como álbum, será repetido ao longo da primeira semana de emissão.

O canal incluirá também programas musicais como Behind the Music (um dos primeiros é dedicado ao trio TLC) e Storytellers (o primeiro sobre os Foo Fighters), bem como filmes mais ou menos musicais, de Caça-Fantasmas a produções com David Bowie ou histórias dos Clash ou Pearl Jam, e concertos de bandas como os Red Hot Chilli Peppers ou Rage Against the Machine. O canal terá ainda Daria, o primeiro reality show The Real World, a animação Beavis & Butt-head e títulos um pouco mais recentes como Cribs (em exibição na MTV Portugal, por exemplo) ou Pimp My Ride, assim como programas a evocar a programação da MTV na década de 1990: Headbangers (vindo do programa Headbangers Ball) ou 90s Nation (que emana de Alternative Nation).

A MTV nasceu a 1 de Agosto de 1981 nos EUA e o primeiro vídeo que mostrou foi Video killed the radio star, dos Buggles. Estreou-se em Portugal através dos canais satélite na década de 1990, e chegou a ter um programa, o MTV Portugal, na estreia da SIC em 1992; o canal de televisão por subscrição MTV Portugal nasceria em 2003. Neste momento a Nos concentra o maior número de canais MTV no mercado português: MTV Portugal, MTV Dance, MTV Rocks, VH1 e VH1 Classic. Os restantes operadores têm MTV Portugal e VH1.

Sugerir correcção
Comentar