Cinema revolucionário cubano e Peter Watkins: retrospectivas no Doclisboa

O festival fará uma sessão de antecipação da sua 14.ª edição no terraço da Cinemateca Portuguesa, sábado, 23 de Julho, às 22h30.

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Peter Watkins: a mistura de elementos dramáticos e documentais para dissecar a História

O Doclisboa ­ Festival Internacional de Cinema fará uma sessão de antecipação da sua 14.ª edição no terraço da Cinemateca Portuguesa, sábado, 23 de Julho, às 22h30, com a exibição, ao ar livre, do “boletim” Noticiero 49 e Now!, de Santiago Álvarez, e de The War Game, de Peter Watkins (1935). Assim se destacam dois pontos fortes da próxima edição (que se realiza de 20 a 30 de Outubro): a retrospectiva temática Por um Cinema Impossível: documentário e vanguarda em Cuba e a retrospectiva integral, em parceria com a Cinemateca, dedicada a um pioneiro do docudrama e do “falso documentário”, premiado com o Óscar em 1966, precisamente com The War Game.

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Este é um filme (50 minutos) sobre a preparação e as consequências de um ataque nuclear, pela URSS, contra a Grã-Bretanha, realizado, como uma série de boletins noticiosos, para a BBC e que teve exibição cancelada por a TV britânica considerar que a sua difusão teria efeitos perturbadores. O filme só seria exibido pela BBC em 1985, próximo do 40.º aniversário do bombardeamento de Hiroxima. O seu cancelamento levara, no entanto, Watkins a procurar trabalhar fora de Inglaterra: The Gladiators na Suécia, Punishment Park nos EUA, Edvard Munch na Noruega, La Commune (Paris, 1871) em França – recriação histórica do período, entre 18 de Março e 29 de Maio de 1871, do governo radical e socialista em Paris, filmada em 13 dias, numa fábrica abandonada, com não profissionais. The War Game é, antes do mais, exemplar do trabalho e das preocupações da obra de Watkins: a mistura de elementos dramáticos e documentais para dissecar a História e a construção ideológica arquitectada pelos media.

Por um Cinema Impossível: documentário e vanguarda em Cuba, retrospectiva que resulta de colaboração com o Museo Reina Sofia de Madrid, trará o documentário cubano do período da revolução castrista, que opôs à fabricação de imagens dominantes – a ficção, Hollywood – uma outra realidade, empossando a imagem de outra função – documento, manifesto. Santiago Álvarez, fundador do Jornal Cinematográfico do Instituto Cubano da Arte e Indústria Cinematográfica (ICAI), é um dos nomes em destaque, considerado, segundo os programadores do Doc, um dos precursores do videoclip pelo uso de found materials e pela “montagem nervosa” – outro dos nomes destacados é o de Júlio Garcia Espinosa, que foi autor do manifesto Por un Cine Imperfecto, uma reflexão sobre cinema revolucionário.

Mais novidades: o Doclisboa 16 anuncia as estreias de Ta’ang, de Wang Bing – que acompanha grupos de mulheres e crianças que atravessam a fronteira da Birmânia com a China, para se refugiarem da guerra civil – e de Between Fences, de Avi Mograbi.

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